Dez municípios do Minho participam no 25.º Xantar – Salão Internacional de Turismo Gastronómico, que termina hoje em Ourense, com o objetivo de captar visitantes oriundos da Galiza, que consolidem 2024 como um bom ano do ponto de vista turístico.
Esta é a mensagem comum a Barcelos, Braga, Celorico de Basto, Esposende, Guimarães, Melgaço, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vizela, concelhos que destacam a importância do mercado galego para a economia da região. A gastronomia e os vinhos são os ingredientes para atrair os visitantes, combatendo a sazonalidade e impulsionando os números do setor turístico.
Com o centro histórico património mundial e monumentos emblemáticos, como o Castelo ou o Paço dos Duques, Guimarães marca presença em Ourense com o objetivo de «diversificar a oferta turística», dando a conhecer o setor da gastronomia e dos vinhos, numa ação de marketing territorial do concelho, como revela o vereador do Turismo, Paulo Lopes Silva.
Para além da degustação de produtos no stand, a participação vimaranense no Xantar inclui a realização de duas demonstrações culinárias, fazendo um cruzamento de fusão entre a cozinha tradicional e contemporânea, da responsabilidade da chef Liliana Moura, do HOOL Restaurante. «Queremos demonstrar aquilo que é a nossa gastronomia, o que são os nossos produtos endógenos. Queremos que quem visita Guimarães, para além da vertente patrimonial, encontre também os nossos sabores e as nossas tradições», refere.
Guimarães quer continuar a captar turistas galegos
O autarca salienta que Espanha continua a ser o principal mercado de Guimarães, apesar do grande crescimento registado nos últimos anos dos mercados do Brasil e do americano, que já estão a competir com França e Alemanha, que eram os segundos e os terceiros destinos principais
Relativamente aos números, os valores do primeiro semestre indicam um crescimento de dormidas acima dos 11% comparativamente com o último ano. «Se completarmos 2024 com estes números, retomaremos o melhor ano de sempre, que foi o ano antes da pandemia, portanto está a ser um grande ano em termos turísticos em Guimarães», declara.
Também a vereadora do Turismo de Barcelos, Elisa Braga, faz um balanço positivo do setor no concelho, dizendo que 2024 está a ser um ano «muitíssimo bom». «Vamos para um dos melhores anos de sempre em termos de turismo e isso também se deve ao turismo da Galiza, que se desloca sistematicamente a Barcelos», declara.

O concelho nota o crescimento da procura por parte de turistas norte-americanos e canadianos, que participam em ateliês de experiências de pinturas de galos, na Torre do Medieval, mas a Galiza continua um «mercado fundamental», até pela predileção dos galegos pela gastronomia e vinhos barcelenses.
«Nós temos ido a todos os certames que se realizam na Galiza, fazemos questão disso, e cada vez temos maior adesão por parte do público da Galiza», diz, considerando que a presença em Ourense «um canal excecional» para a divulgação da gastronomia e dos 12 produtores de vinho de Barcelos.
O município aproveita para divulgar a iniciativa “7 Prazeres da Gastronomia”, um evento que decorre ao longo de todo o ano e que pretende fazer a divulgação da cozinha tradicional barcelense. Neste âmbito, entre 15 e 17 de novembro decorre o fim de semana do arroz pica no chão e a 7 de dezembro o concurso “Barcelos doce e tentações de Natal”.
Barcelos divulga a gastronomia e vinhos, mantendo a ligação ao icónico galo
A responsável autárquica destaca a relevância do galo assado na gastronomia local e a sua ligação ao Caminho de Santiago, que tem registado um enorme aumento de procura.
A autarca refere que, sendo Barcelos uma cidade medieval, com a lenda do galo associada ao Caminho de Santiago, o concelho tem «referências históricas e patrimoniais» distintivas, que têm contribuído para «resultados muito bons» relativamente ao caminho de Santiago. Destaca a importância da segurança dos peregrinos, recordando que o Município está a arrancar com o obras de beneficiação dos Caminhos de Santiago, em Tamel S. Fins, Aborim e Balugães.
Em matéria de oferta turística, lembra a entrada em funcionamento da Casa da Criatividade, que surge no âmbito da afirmação de Barcelos como cidade criativa da Unesco na área do artesanato e das artes populares.
Esposende regista igualmente «o crescimento exponencial» dos peregrinos no Caminho Português da Costa, assim como no Caminho de Fátima, que contribuem para o dinamismo económico do concelho.

O Município volta a apostar na participação no Xantar com um stand próprio, destinado a dar a conhecer a oferta de gastronomia e vinhos, assim como dos produtos locais, incluindo uma demonstração culinária pela Escola Profissional de Esposende, a um mercado de proximidade «extremamente importante» para o concelho, como sustenta José Costa, do Turismo de Esposende.
Este responsável refere que os galegos são o segundo mercado do concelho, a seguir ao nacional, notando-se o aumento dos turistas norte-americanos. «Os galegos vão de forma sistemática a Esposende, essencialmente procurar pescado fresco», indica, realçando que o município tem atratividades como a natureza ou as atividades náuticas. «Esposende é um destino muito apetecível e cada vez mais procurado. É uma bela terra para se visitar em qualquer época do ano», argumenta.
Classificado como uma das 7 Maravilhas dos Doces de Portugal, o bolinhol é o ex-libris que Vizela usa para atrair os visitantes ao seu stand, onde quem por lá passa fica a conhecer a oferta em termos de gastronomia – com destaque para o Bacalhau à Zé do Pipo –, vinhos e atrativos do concelho.

O coordenador do Turismo na Câmara de Vizela, Jorge Coelho, refere que o concelho tem vindo a notar um crescimento na procura turística desde 2022, fluxo que aumentou desde a inauguração dos passadiços, que estão a atrair visitantes, mesmo fora da época alta. O município perspetiva outra época forte com a programação Vizela Cidade Natal.
Por seu turno, Celorico de Basto atrai os olhares com os bolos em forma de camélia, que levam para a gastronomia a imagem de marca do concelho.

A chefe de Unidade de Turismo, Internacionalização e Desenvolvimento Local, Maria das Dores Vieira, explica que Celorico de Basto está presente em Ourense para se promover como a capital das camélias, dando a conhecer as potencialidades do concelho.
Entre os eventos em destaque, ênfase para a Festa Internacional das Camélias, que se realiza no terceiro fim de semana do mês de março. Entre 22 e 25 de novembro decorre o fim de semana gastronómico, em que o cabrito assado no forno é prato principal e o doce flor de camélia a sobremesa, evento que coincide com a centenária Feira de Santa Catarina. Referência para os Vinhos Verdes da Sub-Região de Basto, com crescente visibilidade e aumento da oferta de enoturismo.
Esta responsável constata que a Galiza é «muito importante», quer pela proximidade do território, quer paixão que os galegos nutrem pelas camélias. «Continua a ser o mercado que mais visita Celorico», adianta, referindo que este ano está a correr muito bem do ponto de vista turístico. A pandemia levou novos públicos ao concelho, que agora repetem a visita, mas também se regista conquista de adeptos das atividades de natureza, que procuram a Ecopista do Tâmega.
Braga mantém a tradição de marcar presença neste certame, promovendo o turismo gastronómico e cultural, fortalecendo as parcerias transfronteiriças e apoiando o desenvolvimento económico da região.

Fruto da colaboração entre o Município e a InvestBraga, a cidade divulga eventos como a próxima edição da AGRO – 57.ª Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação, que vai decorrer de 3 a 6 de abril, e as Festas de S. João, que vão ter uma programação de 270 horas, entre 17 e 24 de junho.
Alto Minho reforça laços de cumplicidade
Em relação ao Alto Minho, Viana do Castelo apostou na presença «em força» em Ourense, num modelo de parcerias, dando a conhecer a torta certificada, as conservas da Vianapesca, o fumeiro da Dona Rosa Fumeiro e o mel da Casa das Bétulas, para além de uma demonstração pela Escola de Hotelaria e Turismo de Viana do Castelo, visando promover «o que de melhor se faz em termos enogastronómicos no concelho», refere Luís Moura Serra, do serviço de Turismo vianense.

Este responsável revela que foi criado um mecanismo de monitorização no Posto de Turismo de Viana do Castelo, que mostra que a presença em certames como o Xantar leva visitantes ao município.
Adianta que o mercado galego continua importante e que os americanos estão a chegar em força ao concelho. Os dados do ano turístico são positivos, tendo a procura crescido mais até este mês do que em todo o ano passado.
Por seu turno, Portela Rosa, representante da Vianapesca – Cooperativa de Produtores de Peixe de Viana do Castelo, refere que esta organização com 700 associados tem cerca de 30 referências de produtos gourmet, entre sardinha, cavala, carapau, atum e patês.

Como curiosidade, este responsável explica que, de forma a manter a ligação à tradição local, os desenhos das embalagens dos patês são retirados dos lenços das lavradeiras do Alto Minho, enquanto o peixinho das conservas é de um bordado de um colete de uma lavradeira de Viana do Castelo.
Com o objetivo de dar a conhecer as atividades ligadas à pesca e incentivar o consumo de peixe entre os mais novos, a Vianapesca lançou o livro “O mar e a pesca”, que foi distribuído em todas as autarquias do distrito de Viana do Castelo.
Municípios do Minho querem conquistar turistas de proximidade através da oferta enogastrononica
Já Valença, cidade para a qual a presença de espanhóis faz parte do quotidiano, participa no Xantar com o objetivo de destacar a gastronomia, que faz as delícias dos visitantes galegos, em especial os pratos de bacalhau, a Feira dos Santos de Cerdal, classificada como património cultural imaterial nacional, que se realiza a 1 e 2 de novembro, e a Fortaleza de Chocolate, que vai decorrer de 29 de novembro a 8 de dezembro.

«Estamos a apresentar não só a parte gastronómica, mas todo o valor enoturístico que temos e os nossos produtos locais», diz Diana Pereira, do Município de Valença.
Esta responsável destaca o aumento da procura do Caminho de Santiago, com milhares de peregrinos a passarem pelo concelho, com impacto no alojamento, na restauração e na venda de produtos locais.
Por seu turno, Ponte de Lima aposta na divulgação da enogastronomia, com destaque para o arroz de sarrabulho, recentemente classificado pela União Europeia como Especialidade Tradicional Garantida, e o vinho Loureiro, mas também para os monumentos e museus.

Entre as iniciativas levadas a cabo no Xantar, destaque para uma demonstração da confeção do arroz de sarrabulho à moda de Ponte de Lima, numa iniciativa em parceria com a Confraria Gastronómica do Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima.
Nuno Brandão Abreu, responsável pela divisão de Turismo de Ponte de Lima, lembra que o concelho tem atividades ao longo de todo o ano, com eventos que combatem a sazonalidade, estando a decorrer o Lourear a Pevide, que convida a um petisco acompanhado por um copo de Loureiro, por 4 quatro euros, em 20 estabelecimentos.
Em relação à afluência de turistas, 2024 «tem sido um ano muito positivo, em crescimento relativamente ao ano transato».
Melgaço apresenta um restaurante por dia no seu stand, para além de apostar na degustação das iguarias locais – entre as quais os bombons de Alvarinho do Sabor do Céu – e dos vinhos do concelho. Entre os eventos, destaque para a Festa do Espumante, que vai decorrer de 22 a 24 de novembro.

Susana Ferreira, coordenadora do Solar do Alvarinho, refere que os galegos são clientes assíduos dos restaurantes do concelho, incluindo os que estão localizados em zona de montanha.
Esta responsável faz igualmente um balanço positivo da procura turística, realçando que a fama alcançada pelos vinhos do concelho é um fator de atratividade de Melgaço.
O Turismo do Porto e Norte de Portugal voltou a marcar presença no certame, apresentando «uma diversificada panóplia de sabores, que revelam a riqueza gastronómica e vitivinícola» da região. Esta presença afirma a Eurorregião Galiza – Norte de Portugal como «um destino único com uma oferta gastronómica e vínica de qualidade para se posicionar internacionalmente».
Durante quatro dias, a Expourense é o epicentro do turismo gastronómico e do enoturismo peninsular, com cinco países representados: Espanha, Portugal, Peru, Costa Rica e Austrália. O evento conta com 90 expositores e 63 adegas com 113 referências de vinho galego, às quais se junta a apresentação dos vinhos portugueses pela ViniPortugal. O espaço inclui quatro restaurantes e uma zona de tapas, contando com um programa de cerca de 140 iniciativas. A entrada é gratuita.