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Uma Igreja em saída… pois, claro!

…Pois, claro que estou de acordo! A Igreja (Corpo Místico e Povo de Deus) tem de cumprir o mandato: “Ide e anunciai a Boa Nova!”. Só em saída para o anúncio. Não compreendo uma Igreja fechada, ensimesmada.

Foi para sair, renovar na fidelidade à Tradição, que se fez o II Concílio do Vaticano.

Sou “filho da Igreja” desde o dia 30 de Junho de 1945. Cresci (não muito, diga-se de passagem!) não à sombra da Igreja, mas na e com a Igreja. Aprendi muito e ainda sei muito pouco por ser um cristão em conversão permanente. Sei que sei muito pouco. Nunca me deixei ficar de braços cruzados. O livro que tenho mais “maltratado” é o que contém todos os textos do grande Concílio, sobretudo alguns desses textos estão todos sublinhados e anotados.

Li e estudei todas (ou quase todas) as grandes Encíclicas e outros documentos do Magistério, sobretudo os que se referem às questões da Vida Humana e da Família (antes e depois do Concílio). Li e aderi sem reservas à contestada Humana vitae. Escandalizava-me e revoltava-me a recusa em obedecer por parte de leigos e hierarquia e à contestação brutal que foi feita, por exemplo, a esta Encíclica de Paulo VI. Mas reconfortava-me a palavra dos Papas e de muitos Bispos e Leigos a defender os valores contestados. Nunca ninguém ficava em silêncio cúmplice Agora… agora é o que se vê. Vou dar três exemplos que me chocam enormemente e que me levam a pensar muito seriamente que eu já não pertenço a esta nova Igreja.

Vou dar alguns exemplos, poucos, mas para mim muito significativos e que espelham o meu descontentamento e a considerar-me que me querem pôr em saída, na rua. Sinto profunda dor. Sei que não estou só

  1. Bento XVI, Papa, no sentido de apaziguar e respeitar a saudável diversidade quanto ao uso do Rito Tridentino (recuso-me a referir “Missa de sempre” ou expressões assim), publicou um Motu próprio – “Summorum Pontificum” – que se foi acolhido por uma minoria de hierarcas, foi combatido profundamente e, em inúmeros casos, proibido quando não o podia ser. Criaram-se obstáculos sem fim. Por exemplo, em França, S. Germain-en-Laye, os fiéis que preferem o Rito Tridentino têm que celebrar à porta da igreja, pois estão interditados de lá celebrarem a sua fé no interior. O Papa Francisco publicou um Motu próprio – “Traditiones custodes” – apagando o Motu prÓprio atrás referido e a Congregação competente, em 18 de Dezembro pp ainda restringe mais com uma linguagem imprópria de um cristão. Não sigo o Rito Tridentino com o qual fui educado até aos meus 19 anos. Será assim tão mau? Não compreendo. Não posso aceitar e sinto-me “amparado” por aqueles que contestaram e exorbitaram poderes para a não aplicação do Summorum pontificum!

  2. Todos sabemos que Biden se diz católico e defensor e promotor do aborto nos EUA e fora deste país que administra. Todos sabemos, e a doutrina não foi revogada e que remonta à Igreja primitiva e é baseada na Sagrada Escritura, ensina que quem provocar livre e conscientemente um aborto ou nele colaborar, incorre em excomunhão ipso facto incurrenda, isto é, não carece de uma sentença explícita e específica. Logo, Biden, está excomungado. Como pode receber a sagrada comunhão? Como pode ser estimulado a continuar assim, como ouviu do Papa Francisco recentemente em visita à Santa Sé? Não posso compreender. Não posso aceitar que se defenda o contrário da doutrina de sempre sobre a dignidade da vida do nascituro! (Agora, quem corre o risco de ser excomungado, sou eu, mas não me aflige nada essa excomunhão!). Ando desde 1972 na luta pelo Direito à Vida. Ao ver o que se vê e ouve, querem- me dizer que estive errado. Tenho do meu lado grandes Homens como, o gigante entre todos, S. João Paulo II, Magno ou o Professor Jérôme Lejeune e o Papa Francisco não tem poupado palavras de condenação do aborto. Vou continuar assim não por birra mas por pura e profunda convicção. Não compreendo nem aceito que os “Biden”s deste tempo possam ser incentivados a serem promotores do aborto.

  3. A última: a revista dos jesuítas – Civiltà Cattolica – no seu último número, publicou um artigo – “O debate parlamentar sobre o “suicídio assistido” – assinado por Carlo Casalone, um jesuíta que ocupou e ocupa funções de grande relevo e responsabilidade em que , no final de contas, aceita a eutanásia. Em Itália, mais de 60 (sessenta) organizações já protestaram contra o artigo e, sobretudo, pelo grande silêncio que o cobriu. Não compreendo. Não aceito o teor do artigo que li na íntegra, não compreendo, absolutamente, o silêncio que se ouve como anuência!

Uma Igreja em saída… pois, claro! Como sempre me considerei Igreja, desde que tomei consciência da minha condição de baptizado, estou em saída. Mas não tenho mais capacidade de aguentar tanto caos, indefinição e incoerência. Ainda não saí! Já agora espero pela excomunhão e continuarei a arrepender-me das minhas faltas e pecados. Não abdicarei, jamais, da defesa dos chamados “Princípios Inegociáveis”: A DIGNIDADE DA VIDA HUMANA (da concepção até à morte natural); a FAMÍLIA e a liberdade de educação.


Autor: Carlos Aguiar Gomes
DM

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20 janeiro 2022