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Nossa Senhora no coração dos artistas

Escrevi, em várias crónicas anteriores, as diversas exteriorizações de fé de grande parte dos nossos literatos, impregnadas de um fervor, sem limites, a Nossa Senhora, como podemos provar em inúmeras obras da nossa literatura e, antes de entrar na história mais pormenorizada das Aparições de Fátima, vou falar, muito resumidamente, das grandes manifestações reveladas pelos artistas, ao longo dos tempos, na iconografia (imagens e sua descrição, quadros, pinturas, esculturas…), na construção de igrejas e de tantos outros monumentos, continuando a minha investigação focada na ilustre obra que tenho referido no final de cada crónica, uma grande “enciclopédia”, assim a posso denominar, sobre a devoção à Virgem Santíssima ao longo da história que continuo a ler e a partilhar, muito resumidamente, com os meus leitores.

Crê-se que o culto mais generalizado à Virgem Maria se tenha apenas iniciado no séc. IV, trazido das regiões da Trácia e da Scythia-Cítia, (regiões da Macedónia, hoje territórios da Grécia, Turquia, Bulgária… e da Eurásia, habitada, na antiguidade, por povos iranianos) iniciado por mulheres na Arábia, apesar de haver ícones de Maria já dos séculos II e III. Estas devotas de Maria reuniam-se, anualmente, à volta de uma espécie de trono móvel com rituais próprios, oferecendo bolos especiais, mas esta liturgia só era feita por mulheres.

Logo, em 429, Proclus inicia, através de um sermão em Constantinopla, na presença do Patriarca Nestorius, a divulgação do culto e devoção a Maria, aumentando, a partir daí, cada vez mais, sendo o título “Mãe de Deus” logo concedido, em 431, pelo Concílio de Éfeso. No século seguinte, Juvenal, Bispo de Jerusalém, manda edificar um grandioso templo no caminho de Belém, seguindo-se, mais tarde, grandes edificações, todas dedicadas à Virgem Santíssima, em Constantinopla, no monte de Garizim. Santa Maria Maior, maior igreja mariana de Roma, uma das quatro basílicas maiores, a primeira do Ocidente, mandada reedificar pelo Papa Sisto III (Pontificado de 432 a 440).

Estas edificações nunca mais pararam, assim como, imagens, representações (os artistas, nesse tempo, não se preocupavam com uma imagem fixa de Maria, surgindo uma enorme variedade de representações artísticas), pinturas, festas (Santa Virgem que a igreja começou a celebrar todos os anos; Nascimento, Purificação, Anunciação e da Assunção…) consequência da devoção a Nossa Senhora que se multiplicou e se consolidou em todo o mundo, sobretudo no Ocidente que lhe devotou uma ternura e um afeto sem precedentes, enaltecendo-a como a “Rainha Imortal dos Séculos.”

Muitas representações da antiguidade que se perpetuaram no tempo como, por exemplo: «Profecias, a Sagrada Família, a Virgem e o Menino ou a Divina Maternidade, o Calvário…a Virgem no Céu, a Imagem da Conceição…»

Nossa Senhora é hoje invocada para várias situações, realidades da nossa vida (Nossa Senhora do Alívio, Senhora dos Aflitos, Nossa Senhora do Fastio, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora da Guia, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro…).

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História; direção artística de Luís Reis Santos, historiador de arte e diretor do Museu Machado de Castro, Coimbra; realização e propriedade de Augusto Dias Arnaut e Gabriel Ferreira Marques, editada pela Ocidental Editora, Porto, em 1953.


Autor: Salvador de Sousa
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24 novembro 2018