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Da educação para a cidadania: a função central da Família

A soberania do estado afirma-se essencialmente a partir de quatro grandes pilares: a segurança, a saúde, a educação e o exercício da justiça através dos Tribunais. E todos os cidadãos devem estar conscientes disto mesmo e exigir aos governos que se cumpra este desiderato, pois é para isso que todos nós descontamos impostos e pontualmente a isso somos obrigados.

Ora essa consciencialização deve começar, em primeiro lugar, no seio da Família, onde os nossos filhos são despertos para as vantagens de uma sã convivência em sociedade: a Família é a célula fundacional da comunidade humana.

É na Família que se transmitem os primeiros exemplos e se apela ao exercício ético da nossa acção: aquilo que apregoamos é válido para os outros, mas com mais razão para nós próprios. E é daqui que nasce aauctoritasque reforça o poder do exemplo e deve conduzir os nossos jovens a uma constante superação de si próprios.

A perfeição, o ser-se melhor, deve partir de dentro de nós e deve ser um exercício de emulação em prol de uma melhoria contínua do próprio; nunca contra o Outro.

E é em razão desse ser-se melhor que a sociedade beneficia. Com efeito, a grande fonte de riqueza da sociedade humana decorre do facto de sermos únicos e, por isso, cada um de nós traz um contributo diferente e irrepetível.

Por isso é que é tão bonito viver-se em democracia, em sociedades multiculturais que não se aniquilam em favor desta ou daquela minoria, mas crescem em conjunto, fazendo-se um exercício rigoroso de aceitação do Outro, em diálogo, conducente a uma sã harmonia das pessoas.

A busca do bem é a verdadeira felicidade do ser Humano, homem ou mulher, jovem ou adulto. E é em razão disso que a Família é insubstituível na educação, na formação integral dos seus filhos e futuros cidadãos.

É nesse alfobre natural de todas as virtudes, ou vícios, também, é nessa amálgama de diferenças que se educa eloquentemente para sermos diferentes, mas aceitando o Outro. E é nesta relação de alteridade que nos definimos e crescemos.

A vida, com efeito, a vida real, onde as pessoas interagem, essa vida não é oFacebook, o Instagramou o Tweeter… ela é muito mais do que isso: ela é diálogo, ela é zanga, ela é afastamento… mas também encontro… e tantos encontros dão em casamento e do casamento resultam filhos… a suprema dádiva da união de dois seres humanos diferentes, mas unos no fruto da concepção.

É por isso natural que todo o ser humano caminhe para a união, a deseje e se deixe inspirar, iluminar pelo Alto, por um ser superior a todos nós, seja ele Deus, Javé ou outro Ser… mas que de certo nos orienta e conduz por este mundo, deixando-nos agir com toda a liberdade. Agir, é verdade, é um acto da inteira responsabilidade humana, de entre muitas varáveis; mas a decisão final é do Homem e só ele é responsável por aquilo que faz. A Família é fundamental aqui.

A educação na escola é depois um complemento, algo que vem acrescentar à missão familiar e que, por isso, por direito natural, não deve ser uma escolha sujeita exclusivamente à oferta do Estado. E ao Estado, por muito que lhe assista o direito positivo, isso não invalida a superioridade do direito natural, que emana da essência da natureza das coisas humanas.

Assiste-nos o direito de resistência, de resistência pacífica. Os homens e as mulheres, os jovens ou as nossas crianças não são propriedade do Estado. Nós não somos propriedade de ninguém. E também por isso o valor da nossa Liberdade é inultrapassável, inalienável. Quanto mais conscientes, mais valor damos à liberdade.

E é aqui que entra, como dizíamos, a escola. Não como meio instrumental para condicionar o desenvolvimento integral dos nossos jovens, mas como complemento, complemento, sublinho. Pois todos têm direito a uma progressão esclarecida das suas capacidades, de forma a habilitar todos os futuros cidadãos a reivindicar os seus direitos, verdadeiramente esclarecidos e sem medos! A gritar bem alto o valor da Liberdade! Mas sem nunca esquecer que os direitos são tantos mais quanto mais estivermos conscientes dos nossos deveres!


Autor: António Maria Martins Melo
DM

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1 dezembro 2018