twitter

Caixa Geral de Depósitos: “haverá sangue”?

Crise constitucional profunda que destrói os alicerces da III República do 25 de Abril. A banca já devorou desde 2005-8 €16,7 mil milhões dos dinheiros públicos: – ah, grandes liberais económicos, esfomeados bestiais da livre iniciativa! V. Caldeira, Presidente do Tribunal de Contas, ex-Presidente do Tribunal de Contas Europeu, denunciou que entre 2005--8/17, o custo para os contribuintes pagarem erros e infidelidades patrimoniais por dolo e negligência (a tipicidade do art. 224.º do Código Penal apenas prevê punição por dolo), irá ultrapassar este montante anormal.

Enquanto isso, as massas vibram em mentalidade de rebanho com o chuto na bola, o tremoço e a conquista do caneco, “ouro-dos-tolos” na ultra-periférica Europa ocidental.

Mas d’entre os 3 demónios da banca privada, pública e cooperativa, eis que há “novas” relacionadas com o que se chama de “caixa geral dos depósitos”, a qual, de acordo com as notícias e inquéritos, mais parece(u) uma “caixa de gestão danosa”, ou não fossem muitos dos “créditos” apenas “doações irracionais”? O que faz lembrar uma velha frase de Bertolt Brecht, "Was ist ein Einbruch in eine Bank gegen die Gründung einer Bank?", n.t.l., “melhor do que roubar um banco, é fundar um”. Qual organização danosa de fraque.

Dum filme de Óscares em 2007, There Will Be Blood, de P.T. Anderson, com D. Day-Lewis, estamos também aqui perante a febre do dinheiro fácil – “o petróleo da besta” –, com ambição tresloucada e vingativa sobre os mais pobres, chafurdante, em que já se calcula que nalguns casos vale a pena arriscar um processo criminal lento, e, em estratégicos espaços, disparatadamente instrutório e ineficaz no seu previsível per se, salvo para os eventuais criminosos de colarinhos brancos.

Qual há lodo no cais, a tentação é grande, o risco é diminuto, “vale a pena”, mas as tensões crescem, os conflitos surgem entre os poderes originais como o legislativo, executivo e judicial, mas também entre os “novos poderes” da economia e comunicação social, tudo misturado com uma ameaça constante e colocação em perigo de valores como o amor, a esperança e fé.

A corrupção total – que chega a ter episódios carnavalescos como o injusto ataque recente de que foi alvo o Sr. D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz, por um meu estimado primo, v. o artigo de opinião no DM do Sr. PE. João Bezerra, 19/1/19, “Um comentário infeliz…” –, como se os crimes de uns justificassem a não denúncia doutros! Tal foi a gestão irracional na CGD, entre 2000/15 com gestores escolhidos política e centralmente que Alves dos Reis é menino de coro.

Quiçá constitui grave ameaça ou perturbação da ordem constitucional democrática ou mutatis mutandis de calamidade pública, provocando a legítima questão de se não devia ser declarado já o Estado de Emergência (art. 19.º Constituição), num contexto de gestão danosa e reincidente no qual, qualquer dia, p.e., alguns grevistas das urgências e do SNS, mandam mais do que os Magistrados, militares ou as forças de segurança democráticas, incluindo a polícia judiciária. Já para não falar na vergonha nacional em que se tornaram os salários destes 3 últimos e o smo.

A sociedade democrática de Direito, social, livre e verdadeira, está cercada por 7 caricaturais varas que encarnam um movimento centrípeto que já mal consegue sustentar o paralelepípedo central do III poder republicano.

Sem prejuízo da presunção de inocência, a coisa pública resulta ridicularizada, sob tortura e já cheira mal para cada vez mais cidadãos, em especial das novas gerações e votantes que historicamente, sabe-se, não perdoarão?

Novas gentes que, em muito grande parte, em nada sentiram os horrores claustrofóbicos e materiais da ditadura republicana, versão II, também ela fruto dum golpe militar. Coup d’État este que, sequencial, veio pôr cobro a uma I República que resultou, afinal, do assassínio dum Rei&Herdeiro.

Começa a ficar nítido, pois, o advento dum novo tirano? Haverá Iluminismo para evitar tal? SOS!


Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
DM

DM

1 fevereiro 2019