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Cristo, Rei do Universo

1. A Igreja celebra, no próximo domingo, a solenidade de Cristo Rei. Foi instituída em 1925 pelo Papa Pio IX que a fixou no domingo anterior à solenidade de Todos os Santos. Fê-lo com a intenção de afirmar a soberana autoridade de Cristo sobre os homens e as instituições, face aos avanços do ateísmo e da secularização da sociedade. A última reforma litúrgica colocou-a no último domingo do Tempo Comum e deu-lhe o nome de Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo.

É mais que oportuno afirmar hoje a realeza de Cristo, num tempo em que se afasta o crucifixo dos lugares públicos, deixou de se jurar sobre os Santos Evangelhos, é considerado sinal de modernidade afirmar-se ateu ou agnóstico.


 

2. É um erro – sublinho-o já de entrada – falar da realeza de Cristo utilizando os conceitos de realeza que ainda existe em algumas nações. Cristo quer ser o Senhor do nosso coração, da nossa inteligência e da nossa vontade para que façamos com que entre os homens haja relações baseadas na verdade, na justiça, no amor, na paz.

A celebração do próximo domingo é um convite a que coloquemos a nossa vida ao serviço de Cristo amando-O a Ele e aos irmãos.


 

3. Cristo é o nosso Rei porque é o Criador e Redentor. Tem domínio sobre nós. Somos propriedade Sua.

O poder que sobre os homens exerce é diferente do poder exercido pelos reis deste mundo. Os súbditos não são propriedade dos políticos. O poder dos políticos é um poder delegado, enquanto o poder de Cristo é nativo.

A Realeza de Cristo exerce-se a partir do interior de cada homem. Está constantemente em formação e em progressão.

Aceitar a Realeza de Cristo é viver segundo as normas do Evangelho, testemunhando-O com a vida. É considerar como valores importantes a verdade, a justiça, o amor, a paz, o serviço aos outros. É aceitar estes valores, vivê-los e procurar que os outros os vivam.

O dia de Cristo Rei é considerado por excelência o dia do Apostolado dos Leigos que, nos tempos áureos da Ação Católica, era celebrado com particular solenidade.


 

4. A Igreja é uma comunidade: o Povo de Deus. Nessa comunidade não há elementos passivos. Cada um dos seus membros tem obrigação de dar a conhecer Jesus Cristo através do testemunho de vida e da palavra.

Proclamar a realeza de Cristo é proclamar a primazia de valores como a verdade, a justiça, o amor e a paz, e procurar que eles sejam vividos no quotidiano de cada um. É apresentar a autoridade como um serviço que se presta com particular atenção aos mais carenciados.


 

5. Os Judeus não reconheceram em Jesus o Messias nem o Filho de Deus. Ele não era um Messias como o Rei David (um Messias guerreiro) nem um deus justiceiro como imaginavam, mas um Deus que ama, que perdoa, que serve.

O Reino de Cristo tem caraterísticas muito particulares:

é um Reino eterno e universal, um Reino de verdade e de vida, um Reino de santidade e de graça, um Reino de justiça, de amor e de paz, como se diz no Prefácio da Missa;

é um Reino que se vai construindo à medida que os homens vivem cada vez mais o Evangelho;

é um Reino onde as pessoas procuram imitar Jesus Cristo, um Rei que responde às ofensas com o perdão, à violência com a mansidão, à tentação de se servir servindo, que viveu a fraternidade universal acolhendo os que a sociedade do tempo marginalizava;

é um Reino cuja constituição tem um único artigo: o mandamento novo do amor; cujo código de conduta são as bem-aventuranças; cuja bandeira é a cruz; cujo hino é o Pai-Nosso; cuja ideologia é o Evangelho; cujo lema é servir; cuja saudação é a paz.

Cristo é um rei que pega numa toalha e ajoelha diante dos súbditos a quem lava e beija os pés; que tem por trono a cruz; que se deixa matar em vez de matar os inimigos; que tem um coroa de espinhos; que morre perdoando a quem o maltratou.

Silva Araújo

Silva Araújo

20 novembro 2025