A Grã-Ordem Afonsina (GOA), tendo como objetivo estatutário “o estudo e divulgação da vida e obra do Rei Fundador” deliberou, em Assembleia Geral Ordinária proceder a várias iniciativas culturais com vista a celebrar os anos da investidura do jovem Afonso Henriques como cavaleiro. Uma dessas iniciativas foi a implantação de uma escultura do jovem Afonso Henriques, em Zamora, precisamente no local onde se armou a si mesmo cavaleiro.
Esta e outras iniciativas, levadas a cabo pela referida Associação vimaranense organizou um programa variável, devidamente publicitado na comunicação social. importando aqui comemorar a investidura do jovem Afonso Henriques como cavaleiro.
A investidura em Zamora, “conforme uso e costume dos reis”, encontra-se registada nos “Annales Domni Alfonsi Portugallensium regis”, nos seguintes termos:
“Era de 1163 (1125). O ínclito infante D. Afonso Henriques, filho do conde Henrique e da rainha D. Teresa, neto de D. Afonso (VI de Leão e Castela), tendo cerca de 14 anos de idade, estando na Sé de Zamora, no dia santo de Pentecostes, tomou de cima do altar as armas militares e vestiu-se e cingiu-se a si próprio diante do altar, como é costume fazerem os reis. Vestiu-se com armadura como o Gigante. Pois era grande nos seus atos, como um leão e como a cria do leão que ruge na caça...”
As louváveis iniciativas culturais, levadas a cabo pela GOA, devem-se ao facto de Zamora estar no caminho da fundação de Portugal, com a investidura, na Sé de Zamora, em 1125 (sicut moris est Regibus facere”) e, um pouco mais tarde, em 5 de outubro de 1143, com a Conferência de Zamora.
O autor do texto, um cónego regrante de Santa Cruz de Coimbra, redigido cerca de 1185, traça a seguir rasgados elogios a Afonso Henriques, nomeadamente salientando “o seu valor guerreiro e a sua fé no combate a favor da cristandade”, bem como exprime a sua predestinação para a Batalha de S. Mamede, como se existisse uma íntima relação entre os dois acontecimentos.
Interpretando o texto, o Prof. José Mattoso afirma que para o seu autor “o facto de D. Afonso Henriques se armar cavaleiro a si próprio, aparece, como uma afirmação voluntária de independência e como uma reivindicação da categoria régia”.
Nos dias 26 e 27 do passado mês de outubro, a Câmara de Guimarães, juntamente com as diversas associações locais e especialistas na matéria procederam à Comemoração dos 900 anos da investidura de D. Afonso Henriques como cavaleiro. Espera-se que outras iniciativas irão acontecer no sentido da comemoração da Batalha de S. Mamede ( 24 de junho de 1128). Só D. Afonso enriques encaminhou a sua ação política e militar no sentido de nos libertar, primeiro, da hegemonia galega, e, depois, do domínio leonês.