Bastou que Putin viesse mostrar ao mundo o seu último míssil movido a força atómica; tanto bastou para que Trump, uma vez mais em tom fanfarrão, anunciasse que tinha um míssil igualmente movido a força atómica. Os soviéticos reuniram de imediato por causa deste “empate” e, talvez roído de inveja, verificaram que, afinal, não estão sozinhos no uso e fabrico destas armas de longo alcance. Na verdade nós dizíamos, em tempos de moço, a minha fisga é melhor que a tua; eles agora dizem: o meu míssil é mais potente que o teu. E esta disputa de superioridade bélica é boa ou má? A mim parece-me que o grande medo desta disputa reside numa possível aliança entre eles e nunca por causa da rivalidade. O perigo não está na rivalidade mas numa aliança. Quanto mais amigos mais perigosos; por contraste, quanto mais rivais mais mútuos receios. “É o medo que guarda a vinha que não o vinhateiro”. Que as duas potências nucleares estão em fase de despique para ver quem tem maior poder, demonstra-o a declaração de Trump para mais ensaios nucleares; logo Putin vem a público anunciar, em resposta, o reinício das experiências nucleares. Espreita o perigo nas duas partes porque não se trata de bazófia de rufias, mas duma possibilidade real de uso nuclear. É preciso estar muito atento e fomentar até à exaustão, a inimizade e nunca a amizade entre eles. Soma-se a isto o desejo do pigmeu Coreia do Norte, que quer que o vejam mesmo como um gigante nem que para isso se torne necessário pôr-se em bicos de pés. Estaremos a voltar à guerra fria ou à cortina de ferro de anos passados? Se assim for, o medo do medo guarda o medo de um conflito mundial. Vamos todos esperar que Trump sustente a sua vaidade de ser a primeira potência mundial e se não alie a quem, por tempos a esta parte, o tem comido por lorpa. A força que os dois possuem é letal para toda humanidade e compete à hodierna civilização não ser a coveira da sua própria existência. Venha a zanga que é benvinda.