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O ineficaz “melhoral”

 



 

 

A falta de coragem e capacidade dos nossos governantes está bem patente na situação em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Isto, devido ao facto de virem teimando em adiar a retirada do ‘tumor’ do impasse. Ou seja, aviar a receita prescrita pelos entendidos na matéria. Só que, com tanto clínico e fareleiros a opinarem sobre o assunto, aquilo que lhe vêm ministrando é o ineficaz “Melhoral”, o tal que não resolve nem faz mal. 

É que se o diagnóstico respeitante à grande maleita que atormenta o SNS está feito, por que carga d’água não decidem realizar a ‘cirurgia’ correspondente à cura? Ou seja, a respetiva reforma, em vez de andarem às voltas com um imprevisível pacto que só iria trazer mais impasse e demagogia partidária. Já que se trata de um problema de má gestão e aumento da procura. 

Uma enchente tal, ao ponto de me fazer lembrar o ido Passeio dos Alegres onde o, agora veterano, Júlio Isidro, desafiava uma data de pessoas a entrarem num Austin mini de 4 lugares. O certo é que mais de uma dezena de passageiros sentados, de cócoras e deitados, lá se acomodaram como sardinhas enlatadas. 

Vai daí, os nossos impávidos mandantes viram entrar, só em 18 meses, 500.000 novos utentes no SNS. Graças ao envelhecimento da população e aos imigrantes. A que corresponde um aumento de afluência de 6%, enquanto o índice de produtividade se queda pelos 4%. Situação que vem evitando que tenhamos “saudinha da boa”. 

Pois bem, aquilo a que temos assistido é que cada Governo tem o seu plano para o SNS. E embora cada Ministro indigitado para a tutela jure, a pés juntos, que é desta que vai curar o ‘câncer’ da instituição, logo se esbarra num mundo de interesses, a que ajudam os Média e a oposição. E as pressões exercidas são tantas que logo acaba por se estatelar ao comprido.

Basta vermos a entrada de leoa da Ministra do PSD/CDS, a prometer que iria ‘sarar’ o SNS. Só que mal começou a governar, logo esmoreceu. Numa demonstração de receio que o PS a acuse de querer privatizar a Saúde Pública e a Segurança Social. Apesar de saber que quando este foi poder nada o inibiu, sob o beneplácito do Presidente da República, de se aliar a toda a esquerda para fazer o que quis: acabar com as PPP nos Hospitais e com as taxas moderadoras; criar as ULS; as Unidades de Saúde tipo B e nomear um diretor executivo. Vindo agora o truculento Marcelo mostrar-se incrédulo por ela, em alguns meses, não ter sido mais assertiva.

Depois, não tem havido, ao longo da nossa democracia, Governo algum que não tenha despejado dinheiro no SNS. Onde já foram enterrados mais de 17 mil milhões de euros saídos do Orçamento de Estado. Sendo cerca de 60%, dessa maquia, para pagar vencimentos e medicamentos. O que vem demostrando que não basta despejar mais graveto, se não se considerar sincronizado o funcionamento dos seus órgãos vitais.

Ademais, parte desse montante é gasto em desperdícios e na deficiência falta de organização. Algo nefasto à capacidade de sobrevivência do paciente, cada vez mais gordo e com insuficiência reativa. Mormente, enfraquecido pelo bónus da redução das 5h semanais. Podendo entrar em coma, caso vingue a semana dos 4 dias trabalho e não haja acréscimo de pessoal para colmatar o défice.

Foi fiada na treta do Governo que a minha vizinha, dona Alzira, ao ver-se com febre alta no início de agosto passado ligou para a ‘Saúde 24’, de onde lhe prometeram devolver a chamada. Qual quê? Até ao dia de hoje, nada! Assim como espera, ainda, pela remarcação da consulta de pneumologia adiada, sine die, desde julho. Supõe ela, devido à pecha das habituais cunhas, como a que beneficiou as gémeas brasileiras em 4 milhões. 

Entretanto, com visto de estudo ou sem ele, o que é preciso é que se pense duas vezes antes de expulsar de Portugal os universitários por cá imigrados. Os deixem finalizar o curso de medicina e, depois, os convençam a integrar os quadros do SNS. Porque estes sim, são imigrantes que nos fazem muita falta. 



 



 

 

 



 

Narciso Mendes

Narciso Mendes

17 novembro 2025