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O sabor da vivência

Angústia, vazio, ânsias… são estados que a alma sente e vive. Procurar pontos luminosos é o aproximar da fortaleza, do recheio da alma, da alegria-a-caminho e da esperança que se espera. O mar também se esvazia, para mais tarde regressar ao aconchego da praia que deixou”. (In Pensamentos do meu arquivo – do autor).



 

Em Portugal, nestes últimos cinquenta anos, ganhou a democracia, que tem sido por vezes maltratada e deturpada em atitudes económicas, sociais, laborais e de comportamentos estranhos que por vezes não condizem com a maneira de ser e de estar dos portugueses. É o progresso, dizem os videirolas.

Tantos, a liberdade, dão-na porque não a podem esconder. Verifica-se que as migalhas que vão deixando cair abaixo da mesa, é porque se envergonham de as levar para casa. Verifica-se que tudo serve para entrar no poder; verifica-se que os problemas sociais são preteridos pelos interesses dos grupos organizados e, dentro destes, pelos interesses pessoais, que são às resmas.

Pelo que, não trabalha para uma autêntica liberdade quem, querendo o poder, promete o que não deve e dá o que não tem; não colabora em autêntica liberdade quem, sabendo que as pensões de reforma são dadas a patacos rigorosamente contados e não segundo os descontos feitos ao longo de uma vida de trabalho; o emprego é escasso, o ensino e a saúde continuam desorganizados, caros, enquanto o cidadão vê e sente que muitos cheiram a lagosta bem regada e a dinheiro em caixa, etc.

Todo o homem é livre, mas não pode o homem fazer o que quer. O homem é naturalmente livre. Sendo-o, não pode nunca esquecer as leis da liberdade.

Há as leis da evolução para o mundo físico, para as do espírito, da matéria, da morte, do pensamento, da solidariedade. Tendo o homem de se elevar até à liberdade plena, ele tem e deve progredir a par das leis, respeitá-las, e lutar continuamente pela sua clareza, oportunidade, rectidão e com sincronismo quotidiano da sua própria vida, nas leis.

Há quem pense e diga que o homem tem liberdade a mais. Não. A liberdade foi dada a todos com a devida quantidade. O homem não sabe, é, preservá-la amorosamente e, usá-la, segundo-a-segundo na sua própria vida. Abusa-se da liberdade, desperdiça-se e ridiculariza-se a liberdade. Que liberdade oferecem os anarquistas, os maçons ou os líderes da guerra?

Todas as sociedades têm valores indestrutíveis a respeitar, a fortificar e a dar-lhes continuidade. E valores existem que jamais perderão actualidade ou seguidores, porque são valores que já existiam nas crianças, mais de cem anos antes de nascerem.

Deus, no homem, sossega-o. Liberta-o e dá-lhe paz. A paz, dá-lhe confiança e esperança, poder de iniciativas e família unida. A família proporciona ao homem segurança e amor, apetência pelo trabalho e vontade de viver.

Em toda a história do homem, sempre se verificaram lutas civis, militares, entre povos e raças, guerras quentes, guerras frias, inveja, egoísmo, exploração, rapacidade, ambição e, tudo isto continuará naquele turbilhão constante enquanto houver Humanidade. Só Deus pode ser obtido ou conquistado. A paz e a segurança dos homens, não!

Analisemos a paz e a segurança da sociedade portuguesa. 

Pais, que no ventre das mães ou já nascidos, matam os filhos e estes os pais; 

Amigos que se liquidam em qualquer esquina do caminho ou da cidade, tantas vezes sem a mínima causa para tais aberrações e incestos em qualquer canto do país; 

Actos rapaces organizados a qualquer hora do dia ou da noite; explorações claras do trabalho dos pobres e da classe média, dos modernos escravos e daqueles que, deixando-se sapatear, fazem-no para poderem comer um naco de pão à noite; 

Existem os assassinos e vendedores de drogas que, com toda a naturalidade e facilidade, compram os rufias e os madraços sem pejo, que enriquecem e exibem na praça pública a sua riqueza, etc.

O Mundo parece caminhar, perdido! O Mundo precisa de Deus e Portugal precisa, agora mais que nunca, de reencontrar Deus, de O reconquistar!

A felicidade, faz parte também da lei da natureza, desejá-la. Quem a recusa? Muitos. Quem a não procura? Alguns. Felicidade: o emprego, a família, os amigos, Deus, o sorriso de uma criança, uma luz que surge!

Liberdade: possibilidade de pensar, poder escolher, descobrir, ter vida, relações humanas, ter moderação e equilíbrio, naturalidade, responsabilidade, tempo, alma sã, saúde, cultura, etc. 

Tudo isto Deus oferece. Os homens, nem sempre, nem de tudo oferecem.



 

(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990) 

Artur Soares

Artur Soares

7 novembro 2025