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Crescemos juntos

 

O último artigo que escrevi neste espaço referia a retoma interna do SC Braga e nem incluía o apuramento para a final four, conquistado em forma de goleada frente ao Santa Clara. Desse encontro resta a tristeza de ver as claques longe do local habitual, em protesto contra o modelo da competição. Mesmo percebendo os motivos da contestação, não gosto de ver os jogos na Pedreira sem a presença desse apoio diferenciado, que empresta um colorido especial aos encontros. As claques têm muito de positivo para oferecer ao clube e às equipas que apoiam, ainda que sejam dispensáveis algumas ações negativas que, por vezes, ocorrem.

A presença repetida na final four da Taça da Liga já é encarada com uma naturalidade que parece roçar a arrogância, sentimento que não invade o íntimo braguista. Simplesmente traduz o crescimento bracarense na competição, na qual já se sagrou Campeão por três vezes, uma espécie de “tricampeonato” espalhado no tempo. Na minha opinião, a garantia de manutenção da fase decisiva da Taça da Liga em Portugal deve ser acompanhada de uma reflexão séria e de alterações ao modelo, de forma a elevar ainda mais o interesse que a prova já desperta e que pode crescer consideravelmente. Longe vão os tempos em que os clubes apresentavam “equipas secundárias” nos momentos de decisão.

Os últimos tempos em Braga têm sido divididos por diversas competições, quase sempre em alternância jogo após jogo. O SC Braga está vivo na Liga Europa, onde lidera, na Taça de Portugal, onde vai receber o Nacional, um adversário de má memória nesta época, na Taça da Liga, onde disputará com o SL Benfica a passagem à final de Leiria; e na Liga portuguesa, onde a tabela causa apreensão pela falta de hábito na posição atual. Mas é preciso sublinhar que o campeonato é uma maratona, muito diferente de provas curtas ou a eliminar.

O calendário brácaro reserva agora mais um duelo internacional, com a receção aos belgas do Genk, num duelo que pode determinar desde já a presença na fase seguinte em caso de vitória. A gestão do plantel assume aqui particular importância e, neste contexto, um triunfo poderá ajudar. Por agora, o conjunto liderado por Carlos Vicens comanda a prova, na sequência do pleno de vitórias alcançado nas primeiras três jornadas. 

O futebol é pródigo a mostrar como é importante o momento das equipas. O ponto mais negativo da época aconteceu na receção ao Nacional, cuja performance foi ainda pior do que a derrota registada. Foi nessa noite que se deu o ponto de viragem na temporada. O SC Braga batera no fundo e o brio dos jogadores foi afetado, originando a revolta individual em prol do coletivo que rapidamente fez subir de patamar o desempenho braguista. 

A viagem ao Dragão foi mais uma etapa no crescimento brácaro. As claques, que estiveram ausentes no encontro da Taça da Liga, surgiram no Dragão reforçadas pelos adeptos que se juntaram num apoio incessante à equipa, em reconhecimento do seu desempenho. O SC Braga perdera como equipa grande e o FC porto vencera como equipa pequena, ainda que seja o resultado que fica para os registos. A perder que seja assim, como sublinhou Carlos Vicens, pois mesmo perdendo crescemos juntos rumo ao futuro, que se deseja sorridente.


 

António Costa

António Costa

6 novembro 2025