Nos últimos anos, temos assistido a uma mudança potenciada pela crescente utilização da Inteligência Artificial, que, há pouco tempo, pareceria difícil de imaginar. A Inteligência Artificia deixou de ser apenas uma ferramenta “de futuro” para se tornar uma peça central no modo como alguns setores trabalham, como é o caso dos bancos, quer na forma de comunicação com os clientes, quer na segurança dos mesmos. Já não se trata apenas de automatizar tarefas, trata-se de transformar a própria lógica de funcionamento das instituições financeiras.
Hoje, a Inteligência Artificial ajuda a melhorar a experiência dos clientes, a organizar internamente processos que antes eram morosos e, sobretudo, a reforçar a segurança. E é aqui que a história ganha outra dimensão: o mesmo avanço tecnológico que aumenta a proteção abriu também espaço a um novo tipo de ameaça, mais subtil, mais técnica e, por vezes, difícil de detetar à primeira vista. Não é por acaso, portanto, que o debate sobre segurança ganhou uma urgência que antes não tinha.
A cibersegurança deixou de ser um tópico reservado apenas a equipas técnicas, e passou a estar no centro das prioridades de alguns setores, como a banca. Uma simples tentativa de acesso à conta a partir de um dispositivo que o cliente nunca utilizou já aciona sistemas capazes de avaliar padrões, localizações e hábitos de utilização. Isto reduz riscos, mas não os elimina.
É que, onde há inovação, há também quem a queira manipular, como é o caso dos cibercriminosos, que rapidamente se perceberam do potencial da Inteligência Artificial e não perderam tempo a explorá-la, da forma mais ardilosa possível. Hoje, surgem ataques que há alguns anos pareceriam quase ficção científica, desde os deepfakes suficientemente convincentes para enganar colaboradores experientes, aos e-mails de phishing escritos com tal rigor que passam por comunicações oficiais do banco.
Este cenário e outros, obrigas as instituições a manterem-se alerta e permanentemente um passo à frente, o que nem sempre é tarefa fácil, e que não depende apenas da tecnologia disponível. Depende também das pessoas. Desde logo, a formação das equipas e a informação dirigida aos clientes tornaram-se essenciais no combate a fraudes digitais.
Em Portugal, tanto o Banco de Portugal como a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) têm reforçado orientações sobre o uso responsável da IA nos serviços financeiros, procurando equilibrar inovação com transparência e proteção dos consumidores.
Mas, no fim de contas, a segurança é sempre uma responsabilidade partilhada. A tecnologia ajuda, e muito, mas não substitui a atenção dos utilizadores. Saber identificar comunicações suspeitas, utilizar métodos de autenticação mais fortes e manter os dispositivos atualizados continua a ser, para muitos, a primeira e melhor linha de defesa.