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O estado de Israel em território palestiniano

Mais de um século passado sobre o Holocausto e sobre a fundação do Estado de Israel, este país continua a ser o centro de fervorosas disputas: uma disputa política entre israelitas e árabes e uma disputa religiosa entre judeus, cristãos e muçulmanos. O Estado de Israel é, por isso, um desafio político e teológico da primeira ordem. É necessário reconhecer este facto: não haverá uma paz permanente e verdadeira até que todas as partes procurem não só uma solução diplomática externa, mas também um profundo entendimento político, ético e religioso. Judeus, muçulmanos e cristãos tem de concordar que o Médio Oriente não pode continuar a ser um símbolo de fanatismo político, paixões nacionalistas e bloqueios religiosos. 

Desde o início que uma profunda sombra se abateu sobre o Estado de Israel completamente o oposto das intenções de Herzl e de muitos outros sionistas. Ambas as partes teriam sido poupadas a um grande sofrimento se as pessoas tivessem prestado mais atenção a Theodor Herzl, Nahum Goldman, (presidente do Congresso Judaico) e a muitas outras grandes figuras do judaísmo, como o filósofo religioso Martin Buber. Todos eles se opuseram ao ao terror e à guerra e defendiam a colaboração entre judeus e árabes. O sonho de muitos sionistas, o de uma pátria mas que só foi realizado pela metade na Palestina. Encontraram uma terra, a terra dos judeus, mas nem mesmo a paz e o sossego regressaram ao povo judaico. Pelo contrário, as dificuldades na Palestina continuaram e tornaram-se mais intensas quando o sionismo – que se tinha transformado numa comunidade autónoma no período entre guerras e tinha alcançado a auto-administração e até um parlamento, o Knessel – atingiu, finalmente, o seu objetivo: a fundação de um Estado (a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto não foram a causa de tudo isto, mas aceleraram o processo). Em maio de 1942 David Ben-Gurion firmou a sua posição que incluía toda a Palestina, (programa Biltmore) contra outros mais liberais, numa conferência em Nova-Iorque.

A 29 de novembro de 1947, uma maioria sólida das Nações Unidos votou a favor da divisão da Palestina num Estado judaico e um Estado árabe com fronteiras bem definidas, uma união económica entre os dois Estados e a internacionalização de Jerusalém, administrada pelas Nações Unidas.

Os judeus que nesta altura possuíam 10% do território palestiniano, iriam receber 55%, cerca de 15.000 km2; a população árabe que com1,3 milhões de habitantes, era quase duas vezes maior, iria receber apenas 11 000 km2. As principais potências da Liga Árabe da altura rejeitaram esta divisão, considerando-a manifestamente injusta. A partir daqui as guerras sucederam-se até hoje, não se vislumbrando uma paz duradoira, no conflito isrelo-palestiniano. Na atual guerra contra o Hamas, as tropas israelitas mataram mais de 60.000 pessoas, incluindo mulheres e crianças, de tal modo que a sociedade internacional defende tratar-se de crime de GENOCÍDIO praticado pelos principais responsáveis.

Narciso Machado

Narciso Machado

15 novembro 2025