Embora sendo duas palavras diferentes na origem, na semântica e no conteúdo, por vezes, parecem ser usadas – em certos círculos tantos políticos como culturais – como se fossem sinónimos ou com significado idêntico. De onde poderá vir tal confusão? Com que interesse se usam os termos, sabendo que para além de diferentes nos conceitos e na prossecução dos seus fins, exigem meios, estratégias e agentes desiguais? Como poderemos esclarecer a diversidade se há quem pretenda antes a confusão? Quem contribuiu para a minha educação foram os mesmos que me deram instrução (ensino)?
1. Explicando os termos.
* Educação. A origem da palavra educar: do latim educare, educere, que significa literalmente “conduzir para fora” ou “direcionar para fora”. O termo latino educare é composto pela união do prefixo ex, que significa “fora”, e ducere, que quer dizer ‘conduzir’ ou ‘levar’. O significado do termo (direcionar para fora) era empregado no sentido de preparar as pessoas para o mundo e viver em sociedade, ou seja, conduzi-las ‘para fora de si mesmas’, mostrando as diferenças que existem no mundo.
Parece interessante observar que o termo 'educação' em português possui uma conotação não encontrada na palavra education do inglês. Enquanto que em português a palavra pode ser associada ao sentido de boas maneiras, principalmente no adjetivo ‘educado’ ou cortês, em inglês educated refere-se unicamente ao grau de instrução formal.
* Ensino é a transmissão sistemática de conhecimentos e competências, mas também abrange a formação do caráter e a educação para a vida em sociedade. É um processo que pode ocorrer de forma formal (em escolas e universidades), informal (através de experiências diárias) e não formal (em atividades educativas organizadas fora do sistema escolar tradicional). De facto, a qualidade do ensino não se mede apenas pelo resultado, mas também pelo método utilizado, que deve respeitar a autonomia do aluno.
2. Educação e ensino são duas atividades – humanas, sociais, culturais – que envolvem agentes diferentes, embora possam e devam ser complementares. A educação – segundo a visão cristã da pessoa humana – compete essencialmente aos pais, no contexto da família. Por seu turno, o ensino está colocado ao nível mais de ministrar conhecimentos, envolvendo a escola, em qualquer dos níveis em que a possamos considerar. Quando se pretende fazer da escola o espaço para a educação – numa visão suficientemente estatizante da pessoa e da sociedade – estaremos a desfocar o âmbito da educação e a acometer a quem ensina uma tarefa que pode extrapolar as suas competências mínimas e essenciais.
3. Mesmo que usando uma imagem algo tosca e um tanto simplista: nós somos aqui que em nós for semeado. Se deixamos que seja o Estado a configurar a educação dos nossos filhos, através do ensino que lhes ministra, que podemos esperar daquilo que crescerá e dará frutos? Se os pais se demitem – por incapacidade, por negligência ou até por facilitismo – de educarem, quem os ensina fará deles o que lhe for mandado que semeiem, tantos em valores como em critérios ou mesmo no anódino mais simplista e barato. Não podemos continuar – numa visão cristã da história e da sociedade – a deixar a outros aquilo que é da nossa única e exclusiva competência: a educação, mesmo que tenhamos de recorrer ao ensino que nos é facultado pelo Estado. Este não tem e nunca deverá ter a função de educar e tão pouco de se fazer substituir aos pais, mesmo que não sejam sempre os mais capazes e eficientes educadores…
4. Mesmo que alguns dos que fazem o ensino possam ser pais – isto é, com a responsabilidade na educação dos seus filhos – não podem pretender tornar-se ‘educadores da classe operária’, nessa visão ideológica marxista-maoísta, tão difusa nos conceitos e na formação de entendimento do ensino por tantos/as ainda…
5. Deixemos a cada um a sua responsabilidade e não como mera formulação estatizante, há décadas.