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A Falácia das Promessas Autárquicas de 2025 em Braga Quando se fala em diálogo, mas se governa em circuito fechado

 

As eleições autárquicas de 2025 deixaram uma mensagem clara: os cidadãos não quiseram dar maiorias absolutas.

Em Braga, como em muitas outras cidades, o voto fragmentou-se, revelando o desejo de equilíbrio e cooperação entre forças políticas. O eleitorado disse, inequivocamente, que ninguém deve governar sozinho. Foi uma demonstração de maturidade democrática, um apelo ao entendimento e não às hegemonias.

Contudo, poucas semanas após as eleições, nas tomadas de posse, voltou a ver-se o mesmo cenário: discursos de abertura seguidos de práticas de fechamento.

As palavras de compromisso diluíram-se em decisões unilaterais. 

Os executivos camarários, de freguesia e as mesas das assembleias foram definidos sem diálogo, ignorando o sentido plural das urnas. Voltou a lógica do “quem ganhou, governa tudo”, mesmo sem maioria. Um paradoxo que mina a confiança dos cidadãos e transforma a promessa de renovação numa continuidade disfarçada.


 

O discurso do pluralismo ficou à porta

Durante a campanha, quase todos prometeram cooperação, transparência e partilha de responsabilidades. Falaram de diálogo e diversidade, mas na prática assistiu-se à distribuição de pelouros e cargos num só sentido: o do poder.

Em freguesias como Ferreiros e Gondizalves, ou Gualtar, a exclusão de vozes minoritárias mostra como ainda é difícil transformar boas intenções em boa política.

As assembleias, que deviam ser espaços de representação e debate, reproduzem modelos rígidos, afastando quem pensa diferente e marginalizando propostas construtivas.

Braga merecia mais. Merecia uma governação que não penalizasse a diferença, mas a valorizasse como fonte de equilíbrio e inovação.

A pluralidade não é obstáculo; é a essência da democracia.


 

Liberalismo: coerência entre palavra e ação

Para a Iniciativa Liberal, esta incoerência é inaceitável. O liberalismo político defende que o poder deve ser limitado, fiscalizado e partilhado. Num cenário sem maiorias, o diálogo não é escolha estratégica, é dever democrático.

A transparência e a responsabilidade devem guiar cada decisão, e o mérito deve pesar mais do que o alinhamento partidário.

Os cidadãos de Braga exigem isso: governação séria, aberta e responsável. Menos jogos internos e mais prestação de contas. Menos propaganda e mais resultados.

A política local só recuperará confiança quando quem promete diálogo o praticar, e o poder for entendido como serviço público.


 

A prova de que o diálogo ainda não chegou

Um exemplo disso ocorreu logo na primeira reunião da Assembleia da União de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade.

Nessa sessão, foi apresentada uma proposta de cooperação, procurando que a constituição da mesa refletisse a pluralidade das eleições. Contudo, numa votação uninominal, todos os nomes apresentados, inclusive da lista mais votada, foram rejeitados.

Esse desfecho simboliza o problema: o diálogo foi prometido, mas não praticado. Prevaleceram barreiras partidárias e ressentimentos, e perdeu-se a oportunidade de iniciar um novo ciclo de entendimento.

Quem não tem maioria absoluta, tem o dever absoluto de cooperar. Essa é a exigência que os bracarenses expressaram nas urnas.

A recusa em ouvir e integrar é uma traição ao espírito democrático e enfraquece a legitimidade de qualquer executivo.

Braga mostrou nas urnas que quer equilíbrio, respeito e partilha.

Agora falta que os eleitos honrem essa escolha, não com palavras, mas com atos. A cidade precisa de uma governação mais transparente, dialogante e comprometida com o bem comum. Só assim será possível recuperar a confiança dos cidadãos e transformar promessas em avanço real.


 

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Américo Camarinha

9 novembro 2025