Enquanto Associada da ACFAB, neste Dia do Cuidador presto homenagem a todos os que, de forma profissional ou informal, dedicam parte da sua vida ao bem-estar dos outros. A ACFAB é uma associação de voluntários, que procura construir pontes, estabelecer contactos e criar uma rede de cooperação entre entidades públicas, privadas e sociais, na busca de soluções concretas para apoiar quem cuida. A ACFAB tem sido uma voz ativa na defesa dos direitos e da valorização dos cuidadores, promovendo formação, apoio, reconhecimento a quem muitas vezes trabalha em silêncio, movido apenas pelo amor e pela responsabilidade. O presente é uma preocupação, mas o futuro não fica esquecido. Trabalhamos em parceria com a Universidade do Minho para formar e sensibilizar a próxima geração através do projeto geração ZTEC. Trabalhamos para que o cuidador não se sinta sozinho, para que existam respostas integradas e sustentáveis que valorizem o seu papel e melhorem a sua qualidade de vida. Hoje, reafirmamos o compromisso coletivo de continuar a cuidar de quem cuida, fortalecendo a nossa rede de solidariedade e de esperança.
Enquanto Enfermeira vejo o cuidar como a essência da missão em saúde. A enfermagem, na sua dimensão técnica e humana, é o reflexo mais puro desse compromisso com o outro. No hospital e nos cuidados de proximidade, temos diariamente profissionais que fazem do cuidar um gesto de ciência e de compaixão. Ser enfermeira é equilibrar o conhecimento com a empatia, é compreender que cada pessoa é mais do que um diagnóstico – é uma história que merece respeito, escuta e dignidade. Enquanto enfermeira, reconheço o valor das equipas que, com esforço e dedicação, garantem que o cuidado é integral e humanizado. O Dia do Cuidador é também um momento para agradecer a todos os profissionais que fazem da sua vocação um serviço à vida e acreditar que podemos ainda fazer mais e melhor.
Enquanto Filha, cuidar ganha uma dimensão profundamente emocional. À medida que os nossos pais envelhecem, invertem-se papéis e aprendemos que o amor se expressa, muitas vezes, através da paciência, da presença e da atenção. Cuidar de quem nos cuidou é um exercício de gratidão e de humildade. É olhar para o tempo com ternura e perceber que cada gesto simples – um olhar, uma conversa, uma mão segurada – tem um valor incalculável. Nesta vivência íntima, aprendemos que o cuidar se estabelece na relação mútua entre pais e filhos, com o aceitar ajuda, partilhar responsabilidades e reconhecer limites. O ato de cuidar, na relação entre pais e filhos, transcende o dever: é uma forma silenciosa de amor em continuidade.
Enquanto Mãe, cuidar é um verbo que se conjuga todos os dias, em todas as horas. É proteger, orientar e confiar. Ser mãe é cuidar do futuro, é educar para o respeito, para a empatia e para a responsabilidade. É ensinar os filhos a olhar para o outro com sensibilidade e a compreender que o cuidado é um bem comum. A maternidade é uma escola de amor, mas também de resiliência – porque cuidar implica tempo, energia e equilíbrio. No Dia do Cuidador, penso em todas as mães que, para além desta missão, cuidam de filhos que precisam da sua presença 24 horas por dia, ao longo da sua vida, renunciando e anulando a sua própria existência.
Enquanto Cidadã, acredito que cuidar é um ato político e civilizacional. Uma sociedade que valoriza o cuidado é uma sociedade mais humana, mais justa e mais solidária. Cuidar é reconhecer que todos, em algum momento, precisaremos uns dos outros. É construir políticas públicas que apoiem os cuidadores, que lhes ofereçam formação, descanso e suporte emocional. É criar comunidades empáticas, que vejam no cuidado uma força social transformadora.
O Dia do Cuidador deve ser um apelo coletivo à responsabilidade partilhada: cuidar não é apenas um dever individual, é um compromisso social. Porque quando cuidamos de alguém, fortalecemos o que de mais essencial existe em nós – a capacidade de amar e potenciamos o melhor do ser humano – A dignidade!