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Problemas que nos confrangem

Os problemas nacionais públicos de Saúde e de Educação vêm enfrentando complexos problemas de funcionamento; e quer num, quer noutro dos campos de ação, devido à falta de médicos e de professores.

Basta que nos lembremos das ineficazes urgências de obstetrícia e ginecologia e dos milhares de alunos ainda sem professores para aquilatarmos do negativo alcance destes magnos problemas; depois, a constatação que se vai fazendo dos responsáveis ministeriais evidencia o evidente braço de ferro entre as partes envolvidas que não conduz, de modo algum, a boas e desejadas soluções.

Relativamente ao problema da falta de professores, não são alheias as deslocações absolutamente absurdas que têm de enfrentar para as escolas que lhe são destinadas, não lhes chegando, à maioria, os ordenados que lhes são mensalmente pagos para viverem com a necessária dignidade; e quanto à falta de médicos, a meu ver, ela passa pela procura que eles fazem dos hospitais privados, onde conseguem melhores e mais fáceis condições de trabalho.

Todavia, estes problemas já se vêem, há imenso tempo, agudizando e a que não é de todo alheia a movimentação e os protestos de rua de grupos e partidos políticos de esquerda e extrema-esquerda e de direita e extrema-direita, mormente quando a governação não é do seu inteiro agrado e mais acentuadamente no sector da Saúde; enquanto na Educação pesa mais a problemática da escassez de meios logísticos e a falta acentuada de professores que, no momento, é contundente e agravada ainda com a sua saída às centenas para a aposentação.

Agora, há na governação uma forma de ação que se repete e já vem de longe e se traduz numa evidente falta de diálogo entre governantes e governados; e que, no presente momento, mais se constata entre a ministra da Saúde e o ministro da Educação e que se traduz num virar de costas entre as partes envolvidas, obstando a que a resolução dos problemas chegue a bom porto.

E, se nos dermos ao trabalho de retroceder no tempo, concluímos que sempre foi evidente esta falta de aproximação entre governantes e governados, entre patrões e trabalhadores, entre o sentar à mesa c resolver os problemas cara-a-cara com lealdade e fraqueza; e, sobretudo, tendo sempre presente o bom senso, a lealdade e boa vontade de ambas as partes em resolver, depressa e bem e para contento de todos, e igualmente, do país.

Pois bem, tem infelizmente sido, prática constante, ao longo já dos cinquenta anos de vivência democrática que já levamos, um encolher permanente de ombros, um constante e claro alheamento de muitos governantes às justas reivindicações dos trabalhadores; e esta demasiada politização dos problemas conduz à radicalização das soluções possíveis com evidentes prejuízos para ambas as partes.

Ora, vai sendo tempo e mais do que tempo de lançar pontes em vez de levantar muros entre quem reivindica e quem decide, ou seja entre governantes e governados, entre patrões e trabalhadores; e somente esta forma de ação é capaz de fortalecer, reabilitar e objectivar a qualidade, fiabilidade, legitimidade e verdade da nossa Democracia tão ameaçada e desacreditada por certos populistas e autocratas que, obviamente, almejam e lutam pelo seu fim.

Então, até de hoje a oito.

Dinis Salgado

Dinis Salgado

1 outubro 2025