twitter

Junta de S. Victor atribui “Cartões Presente” e serve ceia de Natal a 20 pessoas que estão sós

Fotografia DRC

Carla Esteves

Jornalista

Publicado em 23 de dezembro de 2023, às 09:22

Freguesia criou uma rede de ajuda comunitária que mantém a solidariedade bem viva

Continuando a sua tradição solidária, este ano, a Junta de Freguesia de S. Victor vai novamente apoiar quem mais precisa com bens alimentares, mas numa iniciativa pioneira, e para melhor satisfazer as necessidades dos fregueses, os produtos alimentares do “Cabaz de Natal” foram substituídos por um “Cartão Presente”. O presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Ricardo Silva, adiantou que este cartão permitirá ao beneficiário a aquisição de produtos de mercearia, mas também produtos frescos, como hortaliças, carne e peixe e artigos de higiene pessoal e limpeza.

 «Chegámos à conclusão que desta forma vamos ao encontro das necessidades de cada família em vez de oferecer um cabaz standard, e em simultâneo estamos a promover uma maior autonomização do indivíduo e responsabilidade de gestão doméstica», explicou. O autarca vincou que uma das mais-valias da freguesia é a sua rede de ajuda comunitária, com recolha e oferta de bens por parte de instituições, escolas, empresas e individuais que, contribuem com alimentos, roupa e brinquedos, numa «solidariedade anónima que permite ajudar quem precisa». Segundo Ricardo Silva a autarquia local voltará a realizar amanhã, a partir das 19h00, na sede da Junta de Freguesia, uma ceia de Natal destinada àqueles que passariam esta refeição sozinhos, «na tentativa de quebrar o isolamento social dessas pessoas e proporcionar um conceito de família alargada para quem está sozinho na noite de Natal, que é uma noite especial».

 «Neste momento temos 20 pessoas inscritas mas, na realidade, nunca fechamos as inscrições. Vamos ter pessoas “repetentes”, que são bem acolhidas e que aqui encontram um lugar seguro, mas este ano, seguramente, metade das pessoas vêm pela primeira vez, incluindo alguns que perderam recentemente familiares e outros que têm filhos emigrados», revelou, recordando que «são pessoas que não vêm por motivos financeiros, mas porque se encontram sozinhas e precisam de conforto, registando-se uma grande procura de moradores da comunidade portuguesa, na maioria masculinos e dos 50 anos para cima.

 Aumenta habitação precária na freguesia

O presidente da Junta de Freguesia de S. Victor revelou ainda que aumentaram substancialmente os pedidos de ajuda de pessoas que se encontram em situação habitacional precária, e que a autarquia local vai acompanhar para evitar que o ano arranque com um maior número de sem-abrigo.

«Quase diria que todos os dias recebo alguém que me vem abordar a questão da habitação, seja pelas cartas de cessação de contrato ou pelos aumentos de renda. E isto dá-nos uma sensação de asfixia porque nós não temos uma resposta estruturada do ponto de vista da freguesia para fazer face a estes problemas», argumentou, sublinhando que «as rendas estão inacessíveis às baixas pensões ou baixos salários destas pessoas, pelo que a Junta tenta fazer um trabalho de aconselhamento, mediação e gestão dos processos». Ricardo Silva lamenta, porém, que se verifique um crescente êxodo das freguesias do centro da cidade porque uma parte destas pessoas tentam arranjar soluções habitacionais fora de Braga.