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Há vernizes maravilhosos que iludem ou aquilo é mosca que vem ao cheiro do mel

A campanha de angariação de votos para as eleições Presidenciais já está em marcha e a ganhar velocidade, mas antes de me juntar a uma ou outra sessão de esclarecimento julgo oportuno fazer ainda uma breve alusão às Autárquicas no concelho de Braga, não para continuar a análise aos resultados, mas para deixar a minha impressão sobre duas situações que deixam mal os protagonistas, o Partido Socialista e o novo Executivo.

A primeira situação tem a ver com a desistência de António Braga, que fora o candidato socialista à presidência da Edilidade bracarense, ao mandato de vereador. Assentam bem aqui as palavras que Júlio Dinis colocou na boca da Morgadinha numa das muitas conversas com a sua prima Cristina: “Há vernizes maravilhosos que iludem os inexperientes”. Como disse há umas semanas atrás, “os derrotados também têm que assumir as suas responsabilidades. Quem concorreu e foi eleito deve ficar, ainda que não tenha ganho. Deve respeitar o voto popular e ser sério perante os eleitores. Os que o não fizerem deixarão a convicção de que estiveram na disputa, não como servidores, mas como interesseiros, por simples oportunismo, para não dizer outra coisa”. Não foi bonito, não ficou bem a uma figura respeitada, como era o candidato socialista, que tivesse abandonado o barco. Perdeu credibilidade e decepcionou quem votou na candidatura socialista. É verdade que não há pessoas insubstituíveis, mas quem apostou na Coligação PS+PAN estaria à espera, qualquer que fosse o resultado, que o candidato assumisse as suas responsabilidades. Não creio que pela cabeça da maioria dos que votaram na candidatura tivesse passado a ideia de que o candidato, se derrotado, se arredasse da luta; pelo contrário, que os representaria com competência e lealdade. O Partido Socialista também não ficou bem na fotografia: ainda não era conhecida do grande público a decisão de António Braga, já o Partido Socialista dizia que “António Braga será vereador se o entender, não será se não o entender”. O Partido Socialista escolheu um candidato só de fachada, que assumiria a função de eleito apenas se vencesse? António Braga era, de facto, “um excelente candidato”, como afirmou o presidente da concelhia, mas ao não levar até às últimas consequências a sua candidatura mostrou falta de humildade e uma certa arrogância. Se a intenção do candidato era genuinamente servir, que fosse coerente. Pelos vistos… Candidato e Partido Socialista prestaram um mau serviço aos bracarenses. Há vernizes maravilhosos que enganam e estalam à primeira contrariedade.


 

A segunda situação tem a ver com o facto de uma vereadora eleita pelo Partido Socialista, à revelia do próprio partido que a escolheu para o representar, ter aceite pelouros no novo Executivo. Parece-me que houve “desenquadramento político” e “falta de responsabilidade e lealdade” por parte da vereadora, que quebrou compromisso com as várias dezenas de eleitores que votaram na Coligação Somos Braga, como lhe foi criticado. Como não havia mel na colmeia de casa e havia na do vizinho… Mas, pode ter havido outra razão substancial que desconheço. Convém ter presente que a crítica que é feita a Catarina Miranda pelo Partido Socialista esteve ausente no abandono do primeiro eleito, ainda que com singularidades, o que também deixa mal na fotografia os responsáveis da mesma força partidária. Perdeu-se em contradições, aprovando o abandono sem fazer mea culpa pelos erros de casting na escolha de representantes.


 

Evidentemente, o Presidente da Edilidade não fica isento de crítica ao preferir uma negociação individual a uma negociação com partidos, coligações ou movimentos que concorreram. O verniz democrático que apregoava para ouvir a oposição esgotou-se precocemente.


 

A verdade é que os eleitos não concorreram por si, nem se consegue medir quanto cada um representa fora das candidaturas de que fazem ou fizeram parte.

Luís Martins

Luís Martins

25 novembro 2025