Em plena noite eleitoral autárquica, vi alguma gente com um ar feliz e outra tanta com umas trombas dos diachos. A bem-disposta era, já se sabe, afeta à equipa vencedora. Alegre, mas não eufórica, uma vez que a coligação dos ‘Juntos por Braga’, com 3 mandatos, não conseguira obter a tão almejada maioria absoluta. E apesar dos abraços e brindes distribuídos à população, na campanha, só não foi uma vitória de Pirro porque houve muito empenho do Governo e a colaboração do Edil cessante a João Rodrigues, a quem desejo o maior sucesso.
O pessoal amuado, mas não desanimado, era o aliado da coligação PS/PAN, encabeçada por António Braga. Que, por pouco não saiu triunfante ao obter 3 mandatos. Pelo que o resultado veio demonstrar que ainda não foi desta que a bipolarização social-democrata e socialista se finou. Se bem que, a meu ver, o partido deveria ter optado por Pedro Sousa ou Artur Feio, jovens pujantes e com novas ideias.
Já a reação dos apoiantes ao resultado obtido pelo ‘Amar e Servir Braga (ASB)’, liderado pelo independente, Ricardo Silva, foi a de alguma esperança no futuro. Devo dizer, que foi a grande surpresa destas autárquicas ao conseguir 3 mandatos. O qual, se quiser manter a ascensão durante os próximos 4 anos deverá, penso eu, evitar coligações que esfriem os seus eleitores. A quem, desde já, felicito pelo exemplo da rápida retirada dos cartazes e outdoors.
Ora, assentes os ânimos provocados pela agitação da campanha levada a cabo pelas forças políticas à conquista do poder autárquico, na Câmara Municipal de Braga, gostei de ouvir da boca de cada um dos seus líderes o compromisso da “responsabilidade”. Tanto da de João Rodrigues, como dos que se vão constituir em oposição ao executivo Municipal. Respetivamente, António Braga, Ricardo Silva, Rui Rocha e Filipe Aguiar. Estes dois últimos da IL e do Chega com 1 mandato cada. Os quais se comprometeram a exercer o contraditório de forma séria, empenhada e construtiva na política local.
Daí que a tarefa da governança de Autarquia não se afigure fácil para o novo Presidente, já que não poderá estar a contar que os seus adversários deixem de o ser. Antes, deverá considerá-los seus parceiros nas escolhas que vier a fazer. Negociando com eles os atos mais importantes não só para a vida da nossa querida Brácara Augusta, como para todo o concelho. Tendo sempre presente os superiores interesses da Autarquia e o bem-estar dos munícipes. Procurando optar por uma gestão transparente e com decisões bem estruturadas, credíveis e com sentido, explicando-as com clareza aos bracarenses.
Depois, o que enquanto brácaro espero é que o novo Mayor aproveite a conjuntura governativa do país – da mesma cor política – para reivindicar obras urgentíssimas para Braga. Feche o ciclo de retórica, prémios e slogans, para abrir o da realização e empreendedorismo. E se volte para as questões com que a nossa bimilenária urbe e o todo o concelho se debatem. Caso contrário, temo bem que se perca esta soberana oportunidade para a tirar do encravanço em que, há 12 anos, está metida.
Pena é que o processo do BRT, contrariado pelo líder do PS, do ASB e da IL, seja um facto consumado. Porquanto as suas ideias seriam bem mais vantajosas para a Cidade dos Arcebispos, visando a sua adaptação a um transporte sobre carris, ao estilo dos que existem nas cidades mais evoluídas. Assim não foi entendido, pelo que só o futuro dirá quem tem razão.
Oxalá que a primeira decisão a ser tomada, após a respetiva posse, seja a de retirar a feira-semanal da Estrada Nacional (Braga-Guimarães), para outro poiso. Uma Situação similar à existente em alguns países do terceiro-mundo, em que para passar o comboio são retiradas as esplanadas que ocupam a linha férrea. Só que aqui é ao contrário, barra-se o trânsito na via par os feirantes montarem as suas tendas no meio dela. Medida que, a ser efetiva, fará jus aos sorrisos de orelha a orelha que vi naquele domingo d’outono, à noitinha.