Os tempos correm em Braga atualmente debaixo de uma negatividade que ninguém deseja. No último artigo o título de “nível zero” ilustrava o patamar a que a equipa chegara frente ao Gil Vicente, havendo uma estagnação, ou mesmo um retrocesso perigoso, do tal processo que Vicens tentou trazer para Braga e que já sofreu vários desvios em relação às ideias iniciais.
O SC Braga visitava Guimarães, depois de derrotado pelos gilistas, num jogo diferente de todos os outros, que mexe bastante com a massa adepta de ambos os lados. O duelo secular entre conquistadores e Gverreiros do Minho é levado para um patamar diferenciado, em função da rivalidade existente, que se estende muito para além do próprio jogo. O estádio vimaranense regista, normalmente, frente aos brácaros a maior assistência da época, o que ilustra bem a elevada importância que é dada a este confronto.
A preparação da deslocação da Legião do Minho a Guimarães foi feita com a devida antecedência, tal como a partida dos autocarros que deixaram as imediações da Pedreira cerca de três horas antes do começo do jogo. Ora, havendo vinte quilómetros a separar as duas cidades este tempo roça a obscenidade e envia a lógica para o infinito. Apesar da marcha lenta, os autocarros chegaram muito cedo ao destino e foi preciso esperar quase uma hora para que a polícia desse ordem de início da marcha lenta a pé até nova fila para entrar no estádio, onde tudo funciona devagar. Por fim as bancadas começam a ganhar o colorido com a chegada do vermelho e branco que caracteriza o SC Braga e tão bem se descreve na letra de uma das canções de apoio. Os adeptos braguistas, que rapidamente esgotaram os bilhetes disponíveis, pela terceira vez consecutiva, voltaram a mostrar que a equipa tem o seu apoio, ainda que ela não tenha correspondido ao nível dos resultados, que se situam bastante aquém de quem pretende lutar com os mais fortes pelos melhores lugares.
O discurso do treinador espanhol Carlos Vicens parecia bastante assertivo e a equipa surgiu disposta a superar a má fase de resultados que atravessava, chegando à vantagem a meio do primeiro tempo e desperdiçando oportunidades que poderiam ter definido o destino do encontro. Contudo, os vimaranenses responderam com um golo saído da inspiração individual, quando pouco tinha feito para a sua obtenção. Os brácaros voltaram a desperdiçar oportunidades e no período de descontos antes do intervalo Gabri Martinez, o mais perdulário da noite, cometeu uma infantilidade na área, oferecendo um penálti de borla, que Lukas Horniceck defendeu com classe, evitando um prejuízo ainda maior. Atualmente estes lances não escapam ao VAR, especialmente se o jogador ficar deitado no relvado como foi o caso.
O intervalo fez mal às equipas que realizaram um segundo tempo menos emotivo e onde as oportunidades rarearam, com Zalazar no último minuto a perder a chance de chegar ao triunfo, quando um jogador da casa se deitou no relvado e desviou uma bola rematada por si, que tinha como destino a baliza.
O empate, com sabor a derrota, mandou a Legião de regresso a casa triste pelo desfecho e prolongou no tempo o ciclo negativo que se regista em Braga e que urge superar. Esperemos que o jogo da Liga Europa na Pedreira, frente ao difícil Feyenord, marque um ponto de viragem nesta fase indesejada.