Desde há um tempo a esta parte que registo aos Domingos no telemóvel pelo menos uma foto que aproveito para cumprimentar os amigos do ciberespaço: a do Templo onde participo na Eucaristia. E publico-a na rede social que utilizo. Este Domingo que passou também fiz esse exercício ainda que restringindo ao máximo a envolvente e a razão foi esta: havia, não só, contentores de lixo junto do Templo que procurei, no caso, a Basílica dos Congregados – que ideia mais original para localizar os receptores de detritos! –, como uns poucos sacos com o mesmo fim, cheios certamente do que ficou espalhado no chão pelo espaço alargado da zona na noite do dia anterior, já para não falar dos persistentes contentores com equipamento apropriado a que os foliões possam aliviar as necessidades fisiológicas e que aí se instalam quando há qualquer festa ou festinha organizada pelo Município.
Braga, Capital Europeia da Cultura? Fico com sérias dúvidas de que haja pensamento estratégico dos organizadores quando se cria esta envolvente a um dos incontornáveis monumentos arquitectónicos da cidade de Braga. Uma verdadeira Geena ao jeito do que havia há mais de vinte séculos em Jerusalém, mas que então se fazia fora do centro da cidade! Não havia mesmo outra opção? Pode dizer-se que se imita o que se faz lá fora – conheço, felizmente, alguns exemplos –, mas das cidades que tive a oportunidade de visitar a réplica de cá tem sido sempre de muito fraca qualidade. Ainda que a reprodução pudesse ser perfeita, terá sido perfeita a escolha?
É verdade que a recolha do lixo se faz normalmente com eficácia e eficiência no centro da cidade – tenho apreciado o que acontece de outras vezes –, mas colocar equipamento como o que referi acima junto a um local de referência cultural não será desrespeitar e desvalorizar a envolvente do espaço nobre da cidade como aquele a que aqui faço menção? Não sei, por falta de oportunidade, qual era a situação no resto da cidade, mas o que pude presenciar, com estupefação, parece-me já bastante. Insensibilidade, desleixo ou outro qualquer termo adequado à situação? Não sei, mas sei que não era bonito de se ver. Ainda que alguns possam dizer que a envolvente do monumento estava apenas esteticamente afectada pela colocação/arrumação de recipientes para recolha de lixo, terá sido apropriada a solução? À hora a que registei o cenário que considerei e considero deprimente já havia um razoável movimento de pessoas, desde logo as que se deslocaram para a primeira Missa de Domingo na Basílica histórica do centro da cidade.
Não queria falar, para já, das Autárquicas, mas, perante o que apreciei e que deu azo a este texto de crónica, vou adiantar duas ou três linhas do que pensava dizer mais tarde. Parece que, para além de algumas tendências de incapacidade que se observam no actual Executivo, não será que existe um certo cansaço nos decisores, que já não encontram soluções acertadas em diferentes domínios, tanto na cidade como nas freguesias? Doze anos de mandato é, de facto, muito tempo para não se concretizarem certas coisas necessárias e/ou prometidas e para se não discernir com clarividência na execução de outras. É normal que ao fim de algum tempo – e volto a dizer que três mandatos de poder autárquico é muito tempo – a gestão comece a falhar aqui e ali. A rotina sempre foi adversária da inovação e esta precisa de inteligência e capacidade de planeamento para se constituir em acção. Ainda assim, convidaria os Senhores Mandantes a fazerem um último esforço para terminarem o actual mandato com menos asneiras e, em concreto, para que a candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura seja mesmo bem sucedida e exemplar no que respeita à valorização, nomeadamente, da envolvente dos monumentos da cidade. Não será de repensar as opções passadas para que deixem de ser um mero recalcar de uma programação gasta ao arrepio das melhores práticas? Algum distanciamento pode abrir uma janela sobre a realidade!