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Uma viagem a Nice

O artigo de opinião de hoje segue um guião um pouco diferente do habitual, uma vez que pretende abordar os contornos de uma atribulada viagem a Nice, em plena Côte d’Azur, no acompanhamento do SC Braga.

A deslocação a França foi planeada com a devida antecedência, mas o anúncio de uma greve geral em Portugal para o dia da partida veio ameaçar seriamente a viagem. E é claro que sou favorável à contestação de quem luta para evitar que os seus direitos sejam prejudicados por uma legislação impensada, assente na lógica de favorecer os mais fortes e fragilizar ainda mais a vida dos menos protegidos. Contudo, a dois dias da partida para terras gaulesas surgiu a informação de cancelamento dos voos que ninguém queria receber. O reagendamento permitido pela companhia aérea é digno de registo, não só por ter sido efetuado sem custos adicionais, mas também por ter permitido algum tempo para redefinir uma viagem que esteve muito perto de ser abortada.

Com as deslocações asseguradas para várias pessoas, o contexto criado obrigou a uma chegada ao hotel um dia mais cedo, o que implicou o acréscimo das despesas correspondentes a mais uma noite de estadia. Ainda assim, houve um lado positivo: sobrava agora mais algum tempo para conhecer outros pontos da Côte d’Azur, para além da cidade de Nice.

Também a concentração braguista em solo francês fugiu aos parâmetros habituais de normalidade, muito por culpa da fraca organização demonstrada pelo clube anfitrião. Não houve ponto de encontro no centro da cidade nem deslocação conjunta para o estádio, como é costume nestas ocasiões. A viagem dos adeptos braguistas até ao recinto foi feita de forma algo aleatória, valendo a tranquilidade da cidade de Nice e a postura pacata dos seus adeptos para evitar problemas maiores. O vermelho e branco apenas se apresentou devidamente agrupado já dentro do estádio, após uma troca de vouchers por bilhetes em moldes pouco usuais debaixo das bancadas.

O triunfo alcançado escancarou as portas do apuramento bracarense e acentuou ainda mais a crise vivida pelo emblema francês, onde o afastamento entre adeptos e equipa foi mais do que evidente. Num estádio com as bancadas vazias na sua maioria, as vozes braguistas fizeram-se ouvir durante praticamente todo o encontro. O divórcio entre a equipa do Nice e os seus adeptos contrastou de forma clara com a simbiose arsenalista.

O jogo teve uma primeira parte afirmativa do SC Braga e uma segunda metade que pareceu negar tudo o que fora feito antes, com a equipa mais preocupada em evitar sofrer um golo que pudesse comprometer o momento decisivo criado por Pau Víctor no primeiro período. No final, os sorrisos arsenalistas sublinharam o primeiro triunfo de sempre do SC Braga em solo francês, que aliviou as almas braguistas.

O período pós-jogo permitiu ainda apreciar a beleza de Nice e da Côte d’Azur. Alguns adeptos optaram por visitar o Principado do Mónaco, como foi o meu caso, enquanto outros escolheram Cannes ou diferentes localidades daquela região, cuja beleza natural e clima agradável surgiam como um convite a futuras visitas.

A viagem de regresso decorreu com maior normalidade e os adeptos da Legião puderam, finalmente, regressar ao conforto dos seus lares.

Que o futuro te sorria, SC Braga, como o sol nos sorriu na estadia em Nice.


 

António Costa

António Costa

18 dezembro 2025