Hoje a maioria do texto que escrevo centra as suas atenções na seleção nacional, porque Portugal venceu a Liga das Nações, tornando-se, assim a Nação das Nações depois de vencer com justiça o torneio em que esteve envolvida.
O percurso da seleção lusa nunca foi demasiado fácil, apesar de ter vencido o seu grupo de apuramento sem qualquer derrota, num grupo que incluiu a Croácia, Escócia e Polónia. Após esta etapa, disputada sob forma classificativa de grupos, os lusos deixaram pelo caminho a Dinamarca nos quartos de final para se juntarem às seleções da Alemanha, Espanha e França na final four realizada em terras germânicas. As meias-finais proporcionaram o duelo que permitiu a Espanha derrotar a França (5x4), num jogo farto de golos e de emoções, realizado na cidade de Estugarda, e um confronto que permitiu a Portugal deixar pelo caminho a anfitriã Alemanha (2x1), num jogo muito bem disputado e que terminou em remontada na Arena de Munique. Estava aberto caminho para a dissipação de dúvidas sobre o selecionador Roberto Martinez, que esteve claramente na corda bamba, em situação de sair do cargo após a competição.
A final da Liga das Nações era uma espécie de duelo ibérico, circunscrevendo a possibilidade de conquista do título à Península Ibérica. À partida para o encontro o favoritismo tombava para o lado espanhol, ainda que o património qualitativo de Portugal recomendasse cautelas, como se viria a comprovar. A seleção de Espanha adiantou-se no marcador por duas vezes, tendo tido resposta a preceito por parte de Portugal, nessas ocasiões. Os golos portugueses foram marcados por Nuno Mendes, que foi distinguido como o melhor jogador de final e do torneio, mostrando ser, por agora, o melhor do mundo na posição de lateral esquerdo, e por Cristiano Ronaldo, que teve que esperar até aos quarenta anos para marcar pela primeira vez numa final, à quarta tentativa que teve. O desempate por pontapés da marca de grande penalidade, deu o título a Portugal e levou à loucura as nossas cores, com os diferentes elementos da comitiva lusa a festejarem hoje, sem esquecer de preparar o amanhã, que já começou. Estava conseguida a segunda Liga das Nações e o terceiro título de Portugal ao nível da seleção principal. Este título foi o primeiro da carreira de Roberto Martinez, que representou para ele a continuidade no cargo e o alívio de quem viu consolidada a sua cadeira.
Apesar do momento festivo fazer esquecer muita coisa, este também é o momento de fazer refletir o selecionador no que respeita às convocatórias que elabora, buscando premiar a meritocracia e não o estatuto adquirido, podendo deixar de lado algumas “vacas sagradas” e incluir outros elementos cujo trajeto nos clubes pede atenção diferenciada. Porém, este é o momento de o país agradecer o feito, na esperança que outras alegrias possam surgir no futuro desta geração que pode ser sorridente, se todos trabalharem com critério rigoroso para fins comuns, como se deseja no futebol.
Ao nível dos clubes, o SC Braga já tem agendado o regresso aos trabalhos, que acontece precocemente por causa das eliminatórias europeias em que estará envolvido. Este calendário apertado requer uma preparação adequada por parte da nova equipa técnica que será liderada pelo espanhol Carlos Vicens, na esperança que a sua nacionalidade também possa receber a mesma bênção de Roberto Martinez.