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O Rein(ad)o do Salvador

O SC Braga foi a votos e o ato eleitoral serviu, entre outras coisas, para aferir que estavam em condições de votar 18 731 associados, número bastante significativo dentro do universo braguista. Além disso, permite ainda concluir que há muita juventude entre os associados brácaros, que ainda não pode votar por causa de idade, o que dá esperança no futuro. Recordo que os sócios braguistas têm pesos diferenciados em função do número de anos de filiação, até ao máximo de 10 votos para quem tem uma década ou mais como sócio.

Uma nota positiva para a organização do ato eleitoral, que permitiu ao mesmo decorrer com normalidade, o que é sempre de louvar.

O candidato único a sufrágio era António Salvador, pelo que a sua vitória, por números claros, não causou qualquer surpresa. Foi pena que não houvesse outra candidatura, que levaria a campanha para o campo do debate de ideias e para a reflexão, que só beneficiaria o clube. A este propósito existe um condicionamento que inibe o aparecimento de outras candidaturas, dado que é necessário o apoio de um elemento do conselho geral, que não é fácil de conseguir. Assim, na minha opinião, este obstáculo deveria desaparecer dos estatutos a bem da vivência democrática e da pluralidade dentro do clube. 

O Rein(ad)o do Salvador ao longo das últimas duas décadas teve um trabalho, globalmente, positivo, que guindou o SC Braga para um patamar nunca antes vivido em consistência, a ponto de um quarto lugar atualmente ser visto como algo natural, estando na mente de todos a subida de nível neste contexto. Deste modo, não espanta que a maioria da Legião do Minho apoie o Presidente, ainda que existam vozes discordantes, o que faz parte de qualquer situação democrática.

O tempo que precedeu as eleições permitiu conhecer algumas ideias de António Salvador, sendo uma das mais evidentes o desejo de subir de patamar dentro de um caminho que possa, a curto ou médio prazo, conduzir o SC Braga ao título de campeão nacional. É neste contexto que deverá surgir um novo treinador muito em breve com tempo de duração de contrato que permita um trabalho de profundidade, pois não é possível saber de antemão como terminará cada época desportiva, dado que a lógica no futebol não existe, ainda que uma boa planificação possa ajudar na consecução de objetivos. Outra ideia forte consiste na criação de um conselho de sócios, que possa lhes dar voz, por um lado, e os aproxime cada vez mais da equipa e do projeto, por outro. Este órgão pode substituir a “falecida” função do Provedor do Adepto, que há muito esvaziou a sua ação em Braga, uma vez que o legado de António Lopes não teve, infelizmente, continuidade no tempo. Talvez seja boa ideia ser pensado um cargo de vice-presidente que faça a ligação efetiva com os associados, que se devem acarinhados, a ponto de aumentar a cada dia que passa o seu número, até chegar ao ambicionado aumento exponencial, com tradução na média de espectadores presentes em cada jogo. É que um estádio com muita gente e muito apoio não ganha jogos, mas ajuda bastante a chegar lá.

O SC Braga tornou-se, ao longo dos anos, numa grande empresa, cujos encargos são elevados e exigem uma gestão bastante profissional, em busca de manter um equilíbrio financeiro que facilite a respiração global e abra portas a projetos vencedores, como se observou recentemente no voleibol feminino ou no futsal, e que se deseja de modo mais notório no futebol.

Boa sorte ao SC Braga e a quem gere os seus destinos em mais um mandato.

António Costa

António Costa

29 maio 2025