Nos tempos modernos o sedentarismo conduz as pessoas à inatividade, tornando-se num dos flagelos que mais ataca a sua saúde; e, consequentemente, esta imobilidade que alheia é, quase sempre, ao aparecimento imediato das doenças, vai para ela trabalhando, em silêncio, a mais longo prazo.
E, paradoxo dos paradoxos, tendo a enorme evolução da ciência na descoberta de elixires e antídotos para os grandes males que nos afligem, neste desiderato responsável é pela promoção de formas de vida que conduzem a maior sedentarismo; e este contrassenso facilmente se afirma no uso acrítico, não escrutinado e dependente das redes sociais.
Por exemplo, o uso do computador no trabalho diário em casa, no escritório, na escola, nas instituições públicas e privadas e demais trabalhos do nosso dia a dia é feito sentado, em declarada imobilidade e sedentarismo; e, até, se pensarmos no uso do telemóvel, o resultado não é de todo menos favorável à boa saúde física e mental.
Pois bem, contra o sedentarismo só o pedestrianismo se afirma como o melhor e mais eficaz antídoto; pois este exercício ou desporto de andar a pé, mesmo que seja pausado e pouco esforçado, é, sem dúvida, uma forma barata e saudável de estar na vida com mais e melhor saúde.
E, por isso, se vê frequentemente a sua prática e moda, pelo menos aos fins de semana, seja individual, em grupo ou, ate, em família; e, aqui, a receita apelativa e gratuita de médicos e desportistas é, obviamente, um forte incentivo à maior adesão e uso desta saudável forma de exercitar o corpo e a mente.
Então, para que os pedestrianistas possam, em segurança, proveito e conforto, fazer o exercício desportivo de andar a pé, resulta o aumento exponencial das zonas pedonais e vias exclusivas nas ruas e subúrbios das cidades; e isto leva, claramente, ao esconjuro da circulação motorizada, mormente nas suas zonas centrais, apenas consentidas para cargas e descargas de mercadorias e bens de primeira necessidade bem como a entrada e saída de moradores nessas zonas a horas bem definidas.
Assim sendo, Braga, cidade dos Arcebispos, barroca, augusta e bimilenar já vem, há longo tempo, a implementar espaços pedonais por diversas áreas e latitudes; e, como tal, o afastamento dos carros do centro da cidade ou o seu rigoroso controlo, quer no estacionamento, quer na paragem temporária no centro da cidade tem sido uma boa prática que conduz a um melhor pedestrianismo; e com esta forma de modernidade e afirmação ecológica, a Câmara Municipal prossegue, mesmo sendo obrigada a obstar, por motivos óbvios, a sua expansão, na esperança de que, muito em breve, o slogan da moda possa ser: vá a pé em total segurança, conforto e vigor ecológico dos Peões à estação dos Caminhos-de- Ferro.
Todavia, há algumas questões a ter em conta, como sejam a manutenção dos pisos dessas zonas pedonais, o seu alargamento em certas situações e, muito importante, a proibição do uso de bicicletas e trotinetas a conviver com os caminhantes; porque, se assim não for, quanto mais se aumentar as zonas pedonais, menos fôlego os bracarenses terão para delas fazerem bom proveito e gozo. E que o custo da manutenção desses pisos não é questão de lana caprina; e porque vejo equipas diárias de trabalhadores na faina de assenta pedra, levanta pedra, ajusta piso ou concerta calçada, é caso para os bracarenses pensarem com os seus botões: com tanta remendagem a ser pelos nossos impostos suportada, qualquer dia só tiramos cotão do fundo dos bolsos.
O que, em termos políticos e logístico, se traduz na máxima lapalissiana de que quanto mais aumenta a zona pedonal da cidade, menos empenho e fulgor os bracarenses terão para dela usufruírem com o devido proveito, segurança e gozo; e isto nos leva a rezingar que, assim, não é tão bom, como devia ser viver, em Braga.
Então, até de hoje a oito.