A Arquidiocese de Braga assinalou hoje, na Sala de Conferências do Seminário Conciliar, a abertura dos Seminários e o início do novo ano de formação, numa sessão solene que, este ano, se distinguiu pela forma mais informal, familiar e dialogante.
A vocação dos jovens foi um dos temas em destaque nesta conversa descontraída, que juntou o Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, o diretor da Pastoral Arquidiocesana das Vocações, e a Irmã Lara Tavares, da Congregação Religiosas de Maria Imaculada.
Durante o encontro, D. José Cordeiro defendeu a necessidade de criar mais condições nas paróquias e arciprestados para a escuta e o acompanhamento dos jovens, incentivando os agentes pastorais a propor o discernimento vocacional sem medo.
«Não há que ter medo de fazer propostas radicais aos jovens. Às vezes é nos lugares mais improváveis que despontam as vocações [sacerdotais]», afirmou o prelado, felicitando a nova equipa da Pastoral das Vocações pelo trabalho desenvolvido.
O Arcebispo partilhou que vê com «esperança» a realidade juvenil na Arquidiocese de Braga que tem 14 mil escuteiros, cerca de seis mil catequistas, cinco mil Ministros Extraordinários da Educação e mais de mil confrarias.
«Continuo a sonhar», acrescentou.
Questionado pelo moderador, um seminarista, sobre o seu maior sonho para os jovens da Igreja de Braga, respondeu: «Levar Jesus a todos e todos a Jesus com gestos concretos. O sonho é termos mais e melhores adultos na fé».
D. José Cordeiro sublinhou também a necessidade de reorganizar o Crisma na Arquidiocese, afirmando que os jovens «não estão a ser formados para ser adultos na fé».
Defendeu que as celebrações do Sacramento da Confirmação devem ser mais flexíveis, acontecendo ao longo de todo o ano litúrgico e não apenas num período específico.
Jovens com medo do compromisso
A irmã Lara Tavares destacou que os jovens hoje andam «em busca de sentido», mas que «têm medo do compromisso».
Defendeu que a Igreja deve procurar inseri-los em «grupos de pertença» com itinerários espirituais válidos e oportunos, apontando como exemplo os grupos CVX.
«Os jovens são muito sensíveis à epiderme, mas é preciso ajudá-los a passar da epiderme ao coração», afirmou.
A religiosa, professora de Educação Moral e Religiosa Católica no Colégio D. Diogo de Sousa, elogiou os seus alunos, descrevendo-os como «jovens preocupados com o futuro, responsáveis e autênticos diamantes que necessitam de ser polidos».
A importância da família e da escuta
O padre Tiago Costa destacou o papel da família na formação das crianças e jovens, afirmando «quando os pais deixam de sonhar, os filhos deixam de ter visão».
O sacerdote, que coordena o Seminário de Famílias, destacou a importância de uma presença assídua juntos dos jovens e defendeu uma liderança eclesial ao estilo de Jesus, baseada no serviço e na proximidade, fazendo das periferias o centro da sua ação pastoral.
«Deve ser uma liderança partilhada, não autoritária nem agressiva. É proibido ser rude com quem está ao nosso lado», afirmou.
D. José Cordeiro reforçou, por sua vez, a importância de estar presente nas “periferias” da Arquidiocese, mencionando em particular os jovens e os imigrantes como realidades onde é preciso investir pastoralmente.
A sessão contou com a presença de seminaristas, familiares, equipas formadoras e diretores, entre os quais o cónego Vítor Novais, diretor do Seminário Conciliar, e o padre João Alberto Correia, representante do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa.
Marcaram igualmente presença vários sacerdotes do Arciprestado da Póvoa de Lanhoso, onde este ano se centrou a Semana de Oração pelos Seminários.
No dia em que a Igreja celebrou a Dedicação da Basílica de Latrão, foi também lembrada a Diocese de Viana do Castelo, que ontem assinalou o seu dia. A cerimónia incluiu momentos musicais a cargo do Coro do Seminário Conciliar.