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O NATAL: CADA VEZ MAIS PERTO DE NÓS

Cada vez mais próximos do Natal. Esta data que tão estimada é, sobretudo pelos muitos milhões de pessoas que nela celebram o nascimento de Jesus Cristo, Redentor da humanidade, certamente que merece em todo o mundo uma atenção especial.


 

Se pensarmos na finalidade da encarnação de Deus, por intermédio da Segunda Pessoa da Trindade Santíssima, compreenderemos melhor o amor que nos devota e, por outro lado, a dignidade da nossa natureza, que Ele assume, certamente isento de qualquer tipo de pecado. Deus criou o homem para a felicidade completa. Para isso, dotou-o de uma alma imortal, não corruptível, que tem como destino, segundo os desígnios divinos, a eternidade celestial.


 

Ora, a Encarnação, pela parte de Deus, significa um desejo, pleno e incomensurável, de voltar a dar ao homem a possibilidade de alcançar o Céu, fim da sua criação. Para tanto, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade assume a nossa natureza no seio de Maria Santíssima, isenta do pecado original, o que é uma excepção por acção divina, já que todo o ser humano nasce com ele, a partir do mau comportamento de Adão e Eva, que são expulsos do paraíso terreal, como nos recordamos.


 

Jesus encarna com esse fim: voltar a dar ao ser humano a possibilidade de experimentar e viver realmente a felicidade total para que Deus lhe deu origem, ou seja, a eternidade celestial, que é de plena e absoluta felicidade.


 

Com a Encarnação, Deus resgata o homem do pecado e abre-lhe de novo as portas do Céu. No entanto, para aí poder entrar necessita, apesar das suas deficiências e fraquezas, de as reconhecer e pedir ao Criador perdão por as ter realizado.


 

Deus certamente quer que todo o homem esteja, mais tarde ou mas cedo, a partir da sua saída da vida terrena, a gozar da sua incomparável companhia de absoluto amor. No entanto, porque nos criou à sua imagem e semelhança, somos seres livres, isto é, capazes de aceitar ou repudiar o bem que Deus deseja proporcionar-nos. Ninguém entra no Céu sem ser por sua libérrima vontade. Deus não nos obriga, mas tudo faz, da sua parte, para que no momento devido, aí passemos a viver eternamente.


 

Tudo isto nos faz compreender melhor a resposta que Jesus dá a S. Pedro, quando este, provavelmente com um certo receio de exagerar, Lhe pergunta se devemos perdoar a quem nos ofende talvez...    até sete vezes. A bitola petrina do perdão não é a de Cristo, porque Este a aumenta dum modo insuspeitável: até setenta vezes sete.


 

O perdão de Deus manifesta, por um lado, o seu conhecimento real da nossa condição pecadora. Mas, por outro, o seu profundo amor por nós e o seu sentido de perfeita responsabilidade. Se nos criou para vivermos eternamente na sua companhia, é capaz de nos perdoar as vezes que forem necesárias para alcançarmos um arrependimento verdadeiro, ou seja, o reconhecimento de que, voluntariamente, não obedecemos às sugestões que Deus nos deu para cumprirmos as nossas obrigações. Assim seguimos um caminho contrário, rejeitando o que Ele nos sugeriu, como se fôssemos senhores absolutos de nós mesmos e não criaturas a quem Deus, por sua libérrima vontade, deu a existência, com o fim de serem eternamente felizes na sua companhia.

P. Rui Rosas da Silva

P. Rui Rosas da Silva

19 dezembro 2025