O título em epígrafe abre caminho para nos levar a percorrer o campo das suposições em busca daquilo que poderíamos vir a ter hoje, caso o Processo Revolucionário em Curso (PREC) tivesse prosseguido. Levando os leitores a interrogarem-se sobre se acham que, se assim fosse, o país teria chegado ao ponto em que se encontra hoje. Com uma democracia pluralista, de base liberal e uma economia de mercado a funcionar, sem perder de vista as preocupações com o Estado social de apoio aos mais desafortunados.
Pois bem, imaginemos que as tropas comandadas por Ramalho Eanes e Jaime Neves teriam claudicado nos seus intentos. Pergunto: Seria que o PCP e quejandos, da esquerda radical, não teriam aproveitado a ocasião para delinearem estratégias políticas a partir da Soeiro Pereira Gomes? E uma delas não teria sido a de ver se conseguiriam conquistar uma maioria parlamentar e instalarem um Comité Central em S. Bento? Porventura não teriam aproveitado essa oportunidade para manobrarem a opinião pública e, quiçá, os políticos no sentido da aprovação de uma Constituição de cariz ideológico-socialista mais vincado? Não teriam tentado, para esse e outros efeitos, arredar do seu caminho as tais forças partidárias reacionárias (consideradas fascistas) e tudo que cheirasse a catolicismo? Prosseguindo, depois, a tarefa de continuarem a emitir mandados de detenção em branco para acantonar os seus opositores no Campo Pequeno, ou num qualquer gulag?
A partir daí, questiono se Portugal teria estado em condições de entrar na Comunidade Europeia e manter-se na NATO? E como seria sem a moeda única, caso o escudo caísse a pique, teriam nacionalizado a Banca? E as Forças Armadas Portuguesas estariam, ou não, a obedecer às diretivas da nomenclatura do PREC? Nesse caso, quem seria o inclino do Palácio de Belém? Alguém, com trejeitos ditatoriais do proletariado, que alegasse ter sido perseguido pela PIDE? E teria, ou não, havido a tentação de controlarem os Média e instrumentalizá-los para difundirem, apenas, programações de fação esquerdista contando, para o efeito, com pivots, comentadores, jornalistas, artistas e programadores previamente instruídos nas células comunistas?
No caso da agricultura, teria a Reforma Agrária prosseguido com as propriedades a serem entregues aos algozes dos seus donos? E nas cooperativas agrícolas quem teriam posto a geri-las, os capatazes bolcheviques, com os camponeses a serem pagos à jorna pelo estado e consoante a produtividade? Seria que o pau mandado da, então, União Soviética e correligionários, se teriam empenhado em estatizar as maiores empresas privadas e a escorraçar os donos das fábricas e do grande comércio?
Nas escolas, os marxistas, trotskistas e maoistas no Ministério da Educação, teriam continuado a mudar as matérias e a rever a História de Portugal? Ter-se-iam atrevido a derrubar a estatuária no país que lhes fizesse lembrar o passado de que, enquanto estalinistas, nada se orgulham? E a disciplina de geografia? Por questões ideológicas, não teriam eles cortado com o estudo dos países chamados capitalistas, substituindo-os pelos de economia comunista como a China, Rússia, Cuba e outros (como a tentativa havida logo a seguir ao 25 D’ Abril de 74)?
Entretanto, esses educadores do povo, não teriam ficado tentados a conter as greves e manifestações de rua para, em vez delas, realizarem uma grande parada militar a celebrar o 1º de Maio numa qualquer praça avermelhada, com a UGT engolida pela CGTP? E as classes trabalhadoras, teriam sido elas obrigadas a comer e calar perante essa política sindical?
A este cardápio de interrogações falta, ainda questionar acerca de como poderiam ter sido as políticas do PREC relativas à Saúde, Habitação, Justiça e outras, só que me falta espaço. Apenas tive a intenção de pôr à consideração dos que nos leem se, em consciência, acham que o país estaria melhor, ou pior, se não tivesse ocorrido o 25 de Novembro de 1975, que amanhã se comemora.