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O Impacto das Doenças Crónicas na Saúde Mental

Ao longo do mês de novembro podemos, desde há vários anos, assistir a diversas ações de educação, campanhas de rastreio e atividades de sensibilização sobre a diabetes, que atingem o seu ponto alto no dia 14, Dia Mundial da Diabetes. Entre as várias doenças crónicas que afetam uma grande parcela da população, a diabetes ocupa um lugar de destaque, devido ao seu impacto significativo na saúde e na qualidade de vida das pessoas que vivem com esta condição.

As doenças crónicas são situações de doença que se prolongam ao longo do tempo e afetam profundamente a qualidade de vida das pessoas. A estatística revela que, em 2024, 42,3% dos residentes em Portugal com 16 anos ou mais apresentavam uma doença crónica ou um problema de saúde prolongado. A nível mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 60% da população viva com pelo menos uma doença crónica, número que tende a aumentar devido ao envelhecimento da população e às mudanças nos estilos de vida. Entre as doenças crónicas mais frequentes destacam-se a hipertensão, a diabetes e as doenças cardiovasculares e respiratórias.

A relação entre doenças crónicas e a saúde mental é complexa e bidirecional. Por um lado, o diagnóstico e a gestão diária de uma doença crónica podem causar elevado stress e ansiedade; por outro lado, condições como a depressão e a ansiedade podem dificultar a adesão ao tratamento e o controlo da doença. Estudos mostram que pessoas com doenças crónicas têm maior risco de desenvolver problemas de saúde mental, especialmente depressão, ansiedade e transtornos de pânico. A sensação de falta de controlo sobre a própria saúde e as eventuais complicações associadas à doença podem contribuir para sentimentos de desesperança e frustração, tornado o dia a dia ainda mais desafiante.

Na verdade, a existência de uma condição crónica está frequentemente associada a altos níveis de ansiedade. A preocupação constante, o medo de complicações e a necessidade de manter um controlo da doença geram um estado contínuo de alerta e tensão. Muitas pessoas relatam que isto interfere com atividades simples do quotidiano, como dormir bem, fazer escolhas sobre alimentação e tomar decisões equilibradas no que diz respeito ao tratamento.

Já a depressão, um dos problemas de saúde mental mais comuns entre pessoas com doenças crónicas, tem também um impacto direto na gestão da doença. A falta de motivação, os sentimentos de tristeza profunda e a dificuldade em lidar com a vida quotidiana podem tornar mais difícil para as pessoas seguirem o plano de tratamento recomendado. Como resultado, o controlo das doenças torna-se mais difícil, o que pode levar a complicações de saúde adicionais e a um ciclo vicioso de deterioração física e mental.

Reconhecer a ligação entre doenças crónicas e problemas de saúde mental é essencial para melhorar o tratamento e a qualidade de vida das pessoas afetadas. As intervenções devem ser multidirecionais, abordando tanto os aspetos físicos como psicológicos para cada utente e considerando sempre a individualidade de cada pessoa.

O impacto das doenças crónicas na saúde mental é profundo e não deve ser subestimado. A interligação entre o controlo físico da doença e o bem-estar psicológico é clara, e é essencial que os profissionais de saúde adotem uma abordagem global que leve em consideração tanto os aspetos físicos como emocionais da condição, lembrando sempre que por trás de cada diagnóstico existe uma pessoa com história e sentimentos próprios. Só assim é possível uma abordagem mais eficaz e equilibrada no tratamento da sua patologia.

Cristina Silva

Cristina Silva

14 novembro 2025