Talvez não seja fácil. Mas, insistir na mesma Ministra para o novo Governo foi um erro crasso. Montenegro podia ter falhado quando teve de formar o Executivo pela primeira vez, mas da segunda podia ter evitado. Sucessivos episódios já o tinham avisado e estava à vista a incapacidade da responsável, mas insistiu. Fez mal. O que tem ficado a descoberto está a contar a desfavor do Governo, não já apenas do Ministério da Saúde. Por mais que se diga que tudo está melhor, ninguém acredita. Os que continuam sem Médico de Família, os que têm de esperar meses por uma consulta e os que esperam horas a fio numa urgência, não acreditam. Também as Mães que não sabem onde vão ter os filhos também não acreditam. E as que dão à luz na margem de qualquer estrada, ainda que numa ambulância, também não. E se falarem com os que aguardam, ansiosos, para ser operados, os responsáveis constatarão que os necessitados de intervenção especializada não estão contentes com o andar das coisas. Outras situações poderão fundamentar o desagrado geral, que me escuso de descrever. Os prezados leitores poderão certamente listar várias outras situações com que se viram já confrontados.
Tem-se dito que temos um dos melhores Serviços Nacionais de Saúde (SNS). Até pode ser. Mas, o nosso corre sérios riscos de se deteriorar e deixar de ser um de referência. Os Portugueses querem-no melhor do que está. Reclamam-no agora de excelência, pois foi assim que lhes foi prometido. É verdade que não devemos ficar "focados apenas nas suas falhas", como defendeu Henrique Monteiro, no Expresso, mas devemos aspirar a que seja melhor e, sobretudo, que atenda a todos, sem excepção, com segurança, competência e oportunidade. Diria que o Sistema falha bastante nesta última exigência e quando deixa de fora perto de dois milhões de cidadãos, mais do que se criticava ao governo de António Costa. Uma pouca vergonha!
Talvez não seja fácil corrigir a situação que Montenegro anunciou e até elegeu como prioritária antes das eleições que o fizeram Primeiro-Ministro. Talvez. Mas, não se tem notado esforço significativo para se alcançar o objectivo. Que atrevimento não respeitar os direitos daqueles tantos que esperam e desesperam, sem condições para procurarem uma alternativa! Ainda se as tivessem!
Talvez não seja nada fácil, mas a solução para inverter a situação foi vendida em leilão eleitoral. Nenhum problema, todas as garantias! Agora, há que assumir, de uma vez por todas, antes que seja tarde. Com a morte da grávida e do bebé há poucos dias, Ana Paula Martins tem a cabeça a prémio, mesmo que o chefe do Executivo pareça não querer ver. Os portugueses já a demitiram, as formalidades legais é que exigem a assinatura de Luís Montenegro. Por muito menos, a anterior ministra de António Costa, também demitida pelos cidadãos, não esperou condescendência do chefe por eventuais omissões e foi consequente. Alguém próximo de Montenegro pode emprestar-lhe uma caneta?