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Vida eucarística de Alexandrina

1. Alexandrina Maria da Costa nasceu na freguesia de Balasar, concelho da Póvoa de Varzim, em 30 de março de 1904. Pregada ao leito desde 14 de abril de 1925, por mielite na coluna dorsal, faleceu a 13 de outubro de 1945. 

Começou por ser sepultada no cemitério paroquial. De harmonia com a sua vontade, ficou com o rosto voltado para a igreja.

No testamento tinha deixado dito: «Desejo ser sepultada, se for possível, com o rosto voltado para o sacrário da nossa igreja; pois como em vida sempre desejei unir-me a Jesus Sacramentado e olhar para o sagrado Tabernáculo, assim também depois da minha morte desejo continuar a velá-lo, conservando-me voltada para Ele. Sei que com os olhos do meu corpo já não verei a Jesus mas desejo ser colocada naquela posição, para lhe demonstrar o amor que sinto pela Sagrada Eucaristia».

Em 18 de julho de 1978 foi trasladada para uma capela entretanto preparada na igreja paroquial. Aí se encontram os seus restos mortais, voltada para o sacrário.

Declarada Venerável por decreto da Congregação para as Causas dos Santos, a 12 de janeiro de 1996, foi beatificada por João Paulo II na Praça de S. Pedro, no Vaticano, em 25 de abril de 2004.


 

2. Duas grandes devoções marcaram a sua vida: o amor ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora, a quem chamava Mãezinha.

Durante os anos em que esteve acamada ia em pensamento, a qualquer hora do dia ou da noite, visitar Jesus, nos sacrários das igrejas que conhecia.

Por volta de 1930 ofereceu-se como vítima pelos Tabernáculos abandonados e pela salvação dos pecadores, por intermédio da Virgem Maria.

Um facto, raríssimo mas não único, aconteceu consigo: viver durante vários anos sem ingerir qualquer alimento que não fosse a Sagrada Comunhão. Desde 27 de março de 1942 até à morte, em 13 de outubro de 1955, durante treze anos e sete meses, viveu em completo jejum e total anúria (supressão da formação da urina). 

Em 13 de outubro de 1953 Jesus explicou-lhe: «Tirei-te a alimentação. Fiz-te e faço-te viver só de mim para provar claramente aos homens o meu poder, a minha existência». «Faço que tu vivas só de Mim para provar ao mundo o que vale a Eucaristia e o que é a minha vida nas almas: luz e salvação para a humanidade».

Poucos meses antes de falecer recomendou-lhe Nossa Senhora: «Fala às almas! Fala-lhes da Eucaristia! Fala-lhes do Rosário! Que se alimentem da Carne do Corpo de Cristo e do alimento da oração: do meu Rosário, todos os dias».


 

3. Este caso foi rigorosamente examinado por diversos médicos, quer em casa da doente quer durante um internamento na Casa do Refúgio de Paralisia Infantil da Foz do Douro, entre 10 de junho e 20 de julho, onde esteve durante quarenta dias e quarenta noites, sob uma vigilância apertadíssima, de noite e de dia.

O Médico Dr. Gomes de Araújo escreveu então um relatório onde se pode ler: «É para nós inteiramente certo que, durante os quarenta dias de internamento, a doente não comeu nem bebeu; não urinou nem defecou, e esta circunstância leva-nos a crer que tais fenómenos possam vir a produzir-se de tempos a tempos. Não podemos duvidá-lo. Há neste caso estranho tais pormenores, que pela sua importância fundamental de ordem biológica, com a duração da abstinência de líquidos e da anúria, nos tornam suspensos, aguardando que uma explicação faça a necessária luz».

A Doente sentia fortemente os estímulos da fome e da sede, mas se lhe davam nem que fosse uma só gota de água, vomitava-a imediatamente. 

Nestas condições, porém, teve força para rezar, cantar, falar com as visitas durante horas a fio e teve todos os meses as menstruações até aos 47 anos de idade, declarou o Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo, que foi seu médico assistente desde janeiro de 1941 até à morte, em 1955.


 

4. Não sendo caso único, este jejum faz lembrar situações idênticas vividas com a Beata Ângela de Foligno, que passou doze anos sem tomar alimento algum; Santa Catarina de Sena, que assim viveu durante oito anos; Santa Ludovina, que passou assim 28 anos; Teresa Newmann, que esteve em jejum durante 36 anos. 

Para mim, casos destes fortalecem a fé na presença real de Jesus na Santíssima Eucaristia. Comungar não é receber um bocadinho de pão.

Silva Araújo

Silva Araújo

9 outubro 2025