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E os idosos esquecidos?

«Mas os idosos, Senhor – deixem-me reescrever Augusto Gil –,
porque lhes dais tanta dor? Porque padecem assim?»

Porque têm de padecer o abandono e a solidão quando, em muitos casos, já nem a própria família lhes estende a mão?


 

Porque têm de padecer os «internamentos sociais» que não param de crescer ano após ano, entre natais?

Há idosos com alta, que para casa podem voltar, mas falta quem se disponha a vi-los procurar.


 

Todos têm tempo para aos idosos presentes oferecer. Mas ninguém parece dispor de tempo para os seus familiares acolher.

Há quem filhos não tenha. Mas também há quem, tendo-os, nenhum se apresente e venha.


 

Os mais idosos nunca dos filhos se esqueceram. Era para eles que o que tinham – e até o que não tinham – colheram.

Dói muito sentir que muitos idosos vão passar o Natal sem os familiares por companhia. Como podem atravessar esta quadra com um mínimo de alegria?


 

São muitas – e, provavelmente, pertinentes – as justificações. Mas nenhuma delas consegue afagar as dores que dilaceram tantos corações.

Todos alegam ter as suas vidas. Porque não se pensa que as vidas dos outros também nos são devidas?


 

Nenhum idoso merece estar sozinho. Todo o idoso é digno de acompanhamento e carinho.

Quando veio ao mundo, Jesus não deixou ninguém de lado. Como temos coragem de permitir que alguém sofra abandonado?


 

Nesta altura, há muitos ajuntamentos em que os idosos são mobilizados. O problema é quando regressam a casa e por lá ficam desamparados.

É verdade que não são todos os que têm motivos para se lamentar. Mas, apesar de tudo, são bastantes os que não cessam de se lastimar.


 

Na pessoa dos sós, o Menino nascido continua a ser esquecido. Foi Ele, já crescido, que este aviso verteu: no mais pequeno estou Eu. Tudo o que a ele se faz é ao próprio Jesus que se traz (cf. Mt 25, 40).

Não é só nas crianças que Jesus está presente. A Sua imagem estende-se a toda a gente.


 

Já bastam as lágrimas que desfilam por tantas recordações. Não as esmaguemos com jorradas de solidões.

O Natal celebra o mais belo que existe. Não consintamos, por isso, em que haja alguém só e triste.


 

Sentemos os idosos à nossa mesa, à nossa beira. As suas lembranças são uma deliciosa companheira.

Se até Deus humano quis ser, não deixemos ninguém esquecer. Cada pessoa é única, especial. Cubramos de paz e amor a vivência do Natal!

João António Pinheiro Teixeira

João António Pinheiro Teixeira

16 dezembro 2025