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Um passo em frente

O título do último artigo era “um mar de equívocos” e remetia a Legião do Minho para uma imensidão de preocupações e desconfianças. Os jogos da liga frente a adversários de menor valia teórica colocaram tudo em causa, especialmente as derrotas caseiras frente ao Gil Vicente e Nacional da Madeira. É sempre assim quando uma formação perde, ou não ganha, quando deveria ganhar.

O acumulado de resultados negativos na liga portuguesa colocava em causa o projeto de Carlos Vicens, com os adeptos a verem esgotada a paciência que existia e a demonstrarem uma satisfação que passou de modo célere de latente a manifesta. Confesso que também eu vi descer a crença no processo, em função das oscilações e das confusões táticas existentes ao longo do tempo.

O treinador brácaro prometia para a Escócia uma equipa diferente, para muito melhor, daquela que perdera ante o Nacional da Madeira e que tão má prestação conseguiu realizar. O calendário apertava em termos competitivos e os adversários seguintes fora de portas, Celtic e Sporting, ameaçavam adensar ainda mais o ambiente em torno do conjunto bracarense.

A visita ao Celtic Park não tinha grandes perspetivas no horizonte, uma vez que o SC Braga perdera sempre nas quatro visitas realizadas à Escócia e naquele estádio nunca um clube português tinha vencido. Era o momento de afirmação ou de acentuação do declínio, tendo o triunfo conseguido sublinhado como o conjunto brácaro se afirmara e fizera história, graças aos golos de Ricardo Horta e Gabri Martinez, num jogo que mostrou que a estreia a titular do austríaco Grillitsch parece ter sido tardia, mas ainda a tempo de mostrar a sua utilidade. Coletivamente o SC Braga foi assertivo em terras escocesas e a confiança de todos subia de patamar, ainda que cautelosamente.

A ida a Alvalade representava novo desafio, preparado em condições adversas, uma vez que menos de 72 horas ainda se jogava em terras escocesas e o regresso não permitia grande tempo para treinar. A recuperação ativa integrou o plano preparatório da deslocação ao terreno do Sporting CP. Antecipadamente eu tinha previsto que a “arbitragem à portuguesa” não me descansava nada e que a nomeação de Cláudio Pereira só aumentava essa preocupação, que, infelizmente, teve confirmação no relvado através da péssima performance do árbitro na condução do jogo. Relembro, a título de exemplo, os dois lances passíveis da grande penalidade existentes na primeira parte e permissividade para que os jogadores leoninos pudessem agir de forma impune, por vezes com conduta agressiva. O lance que determinou o empate, não sancionado pelo juiz da partida, aumentou o leque de más decisões de Cláudio Pereira, tendo sido felizmente corrigido pelo VAR, havendo nesse momento a reposição de alguma justiça. A aplicação de critérios no juízo de lances semelhantes tem de ser coerente e a sua dualidade fere a verdade desportiva.

O desfecho do jogo antes os leões, a juntar ao da Escócia, com atuação positiva nos dois casos, representa um passo em frente do SC Braga que importa capitalizar para o futuro, pois não são admissíveis mais cedências gratuitas de pontos a adversários de qualidade inferior. Ainda há tempo para escalar a tabela e aproximar do topo. Que a competência e atitude da equipa se confirmem no futuro.

António Costa

António Costa

9 outubro 2025