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Votar livre e responsavelmente

As autocracias ganham terreno às democracias, havendo neste momento, segundo dados estatísticos, apenas um quarto da população mundial a viver em regimes democráticos; e a tendência é para muitos países se tomarem igualmente autocracias com perda das liberdades conquistadas.

Pois bem, a que se deve este fenómeno? Sem dúvida à ineficácia, ao abrandamento e à perda da qualidade e da fiabilidade da vida democrática.

E a esta distorção dos valores, dos princípios e dos objetivos que definem e sustentam a democracia não é alheia a deficiente ação política dos agentes que a defendem e aplicam, fruto da sua falta de idoneidade e capacidade; mormente quando não se alcança a qualidade e verdade que são atributos inerentes a qualquer regime que se diz democrático.

Então, se olharmos para os países que compõem a União Europeia com longa tradição democrática, em muitos deles se constata o avanço de forças radicais de direita e extrema-direita, bem como de extrema-esquerda; e por esta realidade passa, sem dúvida, uma evidente falta de verdadeiros líderes honestos, competentes, capazes, ou seja, verdadeiros estadistas que ponham à frente dos interesses pessoais, partidários e de grupo o interesse do país e do povo.

Agora, olhando para o que se passa no nosso país, a realidade política não foge à problemática da União Europeia a que pertencemos e, em termos práticos, caminhamos igualmente, a passos largos, para o avanço e imposição de princípios e valores autocráticos de extrema-direita; basta analisarmos a posição do partido político Chega no quadro político-partidário para, facilmente, concluirmos que tem ganhado terreno e pode, em breve, conquistar aos partidos democráticos um lugar de maior relevo na cena política nacional.

Então, perante esta perigosa realidade e com eleições autárquicas à porta temos de cerrar fileiras em defesa da democracia, há 50 anos com enorme esforço e consequente júbilo conquistada; todavia, certo é que os tempos são difíceis porque a nossa democracia tem enfrentado controversos ciclos de perda de legitimidade e verdade, a que não é alheio o desempenho de certos políticos cujas ações não promovem a justiça social, a transparência e a idoneidade que o povo deseja ver implantadas.

Assim, no próximo domingo, dia de ir às urnas, é necessário e urgente dizer não à abstenção e votar com responsabilidade, liberdade e verdade; e, sobretudo, pôr acima dos interesses dos partidos e dos grupos partidários o interesse do país e do povo, ou seja de todos nós, condenando e afastando do poder os possíveis agentes da demagogia, da corrupção, do oportunismo, das falsas promessas e da autopromoção pessoal e social. Embora, a escolha dos representantes e executantes do poder, sendo feita pelos partidos institucionalizados, impede uma forma democrática real e durável; pelo que a representação não é uma verdadeira e real escolha do povo, porque representa o poder partidário e, estando a liberdade sempre em construção, o povo não o sabe e, como tal nem luta por isso.

Só, assim, estando em permanente ação e luta, poderemos reabitar, legitimar e objetivas a democracia e dizer não ao avanço das forças autocráticas que promovem o autoritarismo, a prepotência, a injustiça social, a falta de liberdade e as desigualdades; e, igualmente, poderemos promover a legitimidade e verdade democráticas que desenham um país seguro e justo para todos de que resulta um melhor futuro para nós e para os nossos filhos.

Vamos, pois, votar e, assim, escolher quem melhor nos represente e garante uma governação autárquica digna e justa para todos, e, deste modo, dizemos não ao autoritarismo e despotismo, maléficos representantes da autocracia, que por aí já espreita em busca de uma oportunidade para assaltar o poder.

Então, até de hoje a oito.

Dinis Salgado

Dinis Salgado

8 outubro 2025