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Seremos capazes de aceitar uma nova energia para Braga, amar e servir Braga ou ser Braga?

Bem sei que as coisas se não fazem de um dia para o outro, mas esperar uma década ou mais para as ter é uma infinidade de tempo. Se pensarmos que uma dúzia de voltas ao sol é o tempo para as começar a concretizar, a espera é uma eternidade. Com a actual coligação Juntos por Braga foi assim. E talvez continue a ser assim se o povo voltar a dar-lhe os cordelinhos da gestão autárquica. Acreditar desta vez que criaria isto ou aquilo só para alguém que gosta ou aceita ser enganado. Desconfio da coincidência das obras que começam justamente uns dias antes das eleições e se proclame em cima da campanha eleitoral de que alguns nós górdios e velhos são desatados. Felizmente, há candidaturas de grande qualidade que podem fazer diferente, fazer melhor e serem bem mais cumpridoras, assim os eleitores se inclinem por uma. Já aqui distingui as candidaturas da Iniciativa Liberal, assumida e comprometida com Braga, e do Movimento Amar e Servir Braga, credível e totalmente transparente nos seus objectivos. A terceira força que certamente tornará difícil a continuidade da actual Coligação ao leme da Edilidade bracarense é a candidatura socialista Somos Braga, talvez a que estará em melhores condições de alternar com a que actualmente governa o município. Sem poder dispôr do programa desta com oportunidade necessária, não farei aqui considerações sobre o mesmo, mas sempre posso dizer sobre o candidato, António Braga, que é o melhor que o Partido Socialista em Braga podia ter apresentado, pela sua idoneidade e pela experiência autárquica e de governo que constam do seu curriculum.

As medidas anunciadas pelas candidaturas não podem ficar apenas mencionadas no jornal de campanha. Ao repassar as da Coligação em leitura atenta antes de digitar estas linhas de crónica verifiquei que, ainda que apresentadas com outra ordem ou designação, todas foram prometidas nas três campanhas autárquicas anteriores e o que os bracarenses podem constatar? Tudo se tem mantido com grande indiferença dos governantes ao longo dos anos. E o mal é que, infelizmente, não vivemos em nenhum Céu, pois não seriam anos e anos de espera e, às vezes, muito desespero, mas apenas alguns segundos ou mesmo microssegundos, ainda que de fundada e segura esperança.

A verdade é que o incumprimento sistemático de quem nos tem governado não é original. Em 1868, Júlio Dinis punha nas palavras de algumas das personagens d´A Morgadinha dos Canaviais o sentimento do povo em relação aos políticos. Por exemplo, sobre o político da terra, o Conselheiro Manuel Berardo, o Sr. Bento Pertunhas comentava: “No que ele tem andado mal é em prometer mais do que pode fazer. Há quantos anos nos anda a falar da estrada, e até hoje ainda nem palmo dela?”, tendo sido atalhado pelo brasileiro: “Ele diz que fala com os ministros, que tal, que sim senhores, que domina o partido”. Não há nos tempos que correm, melhor dito, na campanha autárquica que decorre em Braga, quem prometa e se comporte do mesmo jeito que o Conselheiro de então? Voltando ao romance, o Sr. Joãozinho, na mesma conversa de amigos, posicionava-se: “Cá eu e a minha gente inda estamos a ver no que param as coisas. Eu já não estou para ser logrado […] Vou curar-me de tolo”. O povo precisa mesmo de reflectir sobre as apostas que faz e ver menos caras do que corações, evitando quem toma “ares catedráticos, cheios de gravidade”, ou profira “certas frases de artigo de fundo”, ou então se convença de que possui “grandes noções de ciência política”, ainda que não tenha estudado a sério, nem possua experiência bastante.

No próximo Domingo, façamos todos nós, bracarenses, antes da cruzinha no boletim de voto, o esforço para pensarmos como o Sr. Joãozinho. Seremos capazes de aceitar uma nova energia para Braga, amar e servir Braga ou ser Braga?

Luís Martins

Luís Martins

7 outubro 2025