A histeria chegou em força à Europa. O desnorte é uma evidência. Uma Europa, desmoralizada, enrolada em contradições, com lideres fracos e com um medo medonho pelo crescimento imparável da extrema-direita. Uma Europa sem rumo e incapaz de satisfazer os anseios legítimos e repetidamente prometidos às suas populações. A Europa está numa forte e insofismável encruzilhada e reforçada com a “invasão” de levas de imigrantes que têm o condão de adubar as linhas de pensamento extremista, provocando clivagens sociais e a depauperação dos serviços públicos. A Europa perdeu aquela auréola de exemplaridade democrática, de bem-estar social e de segurança efectiva.
1 - Acossada pelas tarifas de Trump e pela guerra na Ucrânia anda como barata tonta aos ziguezagues sem encontrar uma saída plausível e segura para os seus problemas. Daí, virar-se e canalizar as suas frustrações para a causa palestiniana. É também uma forma bem saloia de amortecer o foco das tensões e das divergências internas de cada país.
2 - Já não chegava suportar os brutos, Putin e Trump, para se descer à realidade. E a realidade movimenta-se numa linha ziguezagueante de estagnação económica e social sem se vislumbrar no horizonte políticas sérias para uma saída airosa. A França está em parafuso. Macron não consegue nomear um primeiro-ministro. A oposição não o permite. Tudo chumba. A Espanha debate-se com um governo radicalizado que, para sobreviver, fez acordos com independentistas que não conferem a confiança suficiente para a Espanha ter um futuro unido e durável. A Inglaterra anda à deriva com a extrema direita à frente nas intenções de voto. É assustador! A Alemanha, o motor económico europeu, tem um governo frágil e plissa num ciclo de estagnação bem consolidado. E Portugal engoliu as exigências que tinha traçado para o reconhecimento da Palestina e navegou na onda do histerismo que outros países já o fizeram.
3 - Tempos inauditos estes, muito enroscados, havendo somente abertura política para se colocar Gaza no centro das preocupações e da discussão pública com os beneplácitos incompreensíveis da linha esquerdista. Quem diria que a esquerda andasse tão incomodada com gente que oprime a condição da mulher; que se marimba para os valores da democracia; faz do terrorismo o seu modus operandi; o autoritarismo é a sua marca de água; a Justiça confina-se no fanatismo religioso dos decretos da Sharia. Quem entende esta histeria esquerdista!
É incrível perceber e aceitar que o grupo terrorista e fanático Hamas possa vir a cantar vitória. Os países europeus de nomeada, vazios de causas e de valores democráticos retorcidos, estão muito sensíveis à tragédia dos palestinianos, parecendo esquecer os motivos gravosos que desencadearam tamanho conflito. É sabido que a grande causa palestiniana e do mundo muçulmano é fazer desaparecer Israel da face da Terra. Já tentaram por várias vezes sem o conseguir, aguentando derrotas (tragédias) humilhantes e dolorosas que ceifaram larguíssimos milhares de vítimas e dizimaram economias.
4 - Se a Europa pensa que a solução de dois Estados vai resolver o ódio entre palestinianos e judeus está completamente enganada. O que vai acontecer é engordar o problema e legitimar o conflito. Está nos livros que o objectivo único dos árabes, persas e do mundo muçulmano é destruir o Estado democrático de Israel.
Com a criação improvável do Estado da Palestina, o conflito ganharia outra dinâmica, e muito perigosa para a região, e se formaria um Estado completamente parasitário que sobreviveria à custa das ajudas externas. Como se poderá administrar um enclave se o país que medeia as duas partes da Palestina é Israel? Criar corredores de acesso de circulação livre e sem controlo?
5 - Foi uma asneira e da grossa, Portugal reconhecer o “Estado da Palestina”. Eu sei que Portugal foi na onda, mas será simplesmente um reconhecimento informal. Nada adiantará. Israel não pode, nem vai permitir a existência de um Estado ao seu lado que o quer fazer desaparecer.