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Quem é quem na Abstenção em Braga

 



 

 



 

Quando se fala de Abstenção de forma generalizada, ou seja, em números absolutos e sem especificar a sua dimensão territorial, temos a tendência para nos ficarmos pelo lamento e a disparar para todo o lado, menos a olhar para o que se passa dentro de portas. Em qualquer parte do país a estratificação desta praga impede a minimização e confronta-nos com o seu impacto, uma dura realidade que deveria ser um alerta, mas a letargia e a irresponsabilidade crescente dos partidos e candidatos(as), deita por terra os esforços de quem ainda acredita que só a expressão consciente, crítica e proativa dos cidadãos, pode inverter a atitude com que os portugueses e os bracarenses em particular descartam a sua responsabilidade no momento em que são chamados a exercer o seu direito e dever de votar. Os números não enganam. Os 43.06% registados no concelho de Braga são representados de forma distinta nas 37 freguesias, com os campeões da desistência voluntária a recaírem nas principais freguesias urbanas de Braga: S. Vítor (53,97%), S. Lázaro e S. João de Souto (51, 68%) e Maximinos, Sé e Cividade com 50, 44%. Estas três freguesias integram um lote de oito com taxas iguais ou superiores à média do concelho: S. Vicente (48,47%), Real, Dume e Semelhe (45,37%), Ferreiros e Gondizalves (43,86%), Crespos e Pousada (43,06%), Merelim S. Pedro e Frossos (43,06%). A baixo destes resultados, mas acima dos 40 por cento, há ainda mais seis freguesias a juntar ao lote dos campeões da Abstenção: Nogueira, Fraião e Lamaçães (41, 82%), Adaúfe (41, 65%), Lomar e Arcos (40, 98%), Nogueiró e Tenões (40, 74%), Gualtar (40. 05%). O concelho de Braga tem ainda dez freguesias, ou associação de freguesias, cujos níveis de abstenção oscilam entre os 30 e os 40 por cento, casos de Celeirós, Aveleda e Vimieiro (38, 87%), Ruilhe (36, 78%), Merelim S. Paio, Panoias e Parada de Tibães (38,47%), Este S. Pedro e S. Mamede (35, 15%), Sequeira (32, 48%), Santa Lucrécia de Algeriz e Navarra (32,41%), Sobreposta (32, 36%), Mire de Tibães (31, 39%), Pedralva ( 31,06%), Morreira e Trandeiras (30,31%), Dignos de figurarem entre os que mais participam e por isso se destacam neste ranking de participação, há 11 territórios no concelho que merecem ser destacados: Escudeiros e Penso S. Estevão e S. Vicente (29, 76%), Espinho (29.02%), Padim da Graça (27,23%), Cabreiros e Passos S. Julião (26,58%), Esporões ( 26, 43%), vila e Fradelos ( 25, 55%), Figueiredo ( 24, 48%), Priscos (25,42 %), Tadim ( 22,62%), Lamas ( 22, 86%), Tebosa (21, 87%). No topo do bolo, os campeões da participação são Arentim e Cunha com 19, 7% e Guizande e Oliveira S. Pedro com 19,26%. Apresentada a triste realidade do concelho, os cidadãos têm nestas eleições a hipótese de verem a sua freguesia deixar de pertencer ao ranking dos mais faltosos ou, se quiserem, de permanecer nesta lista que deveria envergonhar cada freguês. Os números oficiais, retirados do ministério da Administração Interna, são um espelho do país e revelam que é nas zonas urbanas que esta indiferença perante as obrigações cívicas se acentua, quando é, exatamente nestas áreas, que é feito o maior investimento no exercício da cidadania política ativa. São aparentes contradições merecedoras de reflexão aprofundada e de medidas que devem passar por uma alteração profunda com que os partidos encaram este tipo de atos eleitorais. O facto de não haver empatia ou identificação com os candidatos, o uso de uma linguagem inadequada e/ou promessas/programas desadequados às necessidades reais das pessoas, conduz, por força da razão, ao silêncio, ao vazio e ao afastamento progressivo dos eleitores das urnas.

Paulo Sousa

Paulo Sousa

5 outubro 2025