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Exaltação da Santa Cruz

1. A Igreja celebra no próximo domingo, 14 de setembro, a festa da Exaltação da Santa Cruz.

Ao longo do ano litúrgico celebram-se duas festas em honra da Santa Cruz: a  03 de maio e a 14 de setembro.

Em 03 de maio, a invenção, isto é, o achamento, a descoberta da Santa Cruz; em 14 de setembro, a exaltação da Santa Cruz: o novo significado que Cristo deu à cruz: o da vitória sobre a morte; o de instrumento de salvação. Recorda o sentido glorioso – não infame – da cruz. A cruz não foi o fim de Jesus, mas uma porta aberta para a ressurreição.

 

2. Com a festa de domingo recordamos um facto histórico ocorrido no século VIII. 

Os persas tinham saqueado Jerusalém, destruído muitas basílicas e haviam-se apoderado do que se considerava ser as relíquias da Santa Cruz. O imperador Heráclio venceu-os e apoderou-se dessas relíquias.

Segundo uma tradição, vestido dos trajes imperiais, Heráclio quis levar a cruz aos ombros e colocá-la de novo no lugar do Calvário. Todavia, à medida que ia caminhando, a cruz cada vez lhe pesava mais. O bispo de Jerusalém, Zacarias, fez-lhe ver que para transportar a cruz de Cristo se devia despojar daquelas vestes e imitar Jesus na pobreza e na humildade. Heráclio descalçou-se, vestiu um traje pobre de peregrino e pôde, assim, colocar a cruz no Calvário. 

 

3. A devoção à Santa Cruz recebeu grande incremento desde que a mãe do imperador Constantino descobriu o que se presume ter sido a verdadeira cruz de Cristo, festa que celebramos a 03 de maio.  E desde que o mesmo imperador Constantino, recém-convertido, e sua mãe, Santa Helena, construíram a basílica de Anastasis (ressurreição, em grego), em Jerusalém, no próprio lugar do Gólgota e do Santo Sepulcro.

 

4. A cruz era considerada o mais infamante dos suplícios. Era reservada para punir os delinquentes da pior espécie. Apuleio chamava à cruz o último grau da humilhação e do sofrimento. Cícero dizia: «que a própria palavra de cruz não seja pronunciada... A simples menção é já indigna dum cidadão romano e dum homem livre». 

Declarar-se seguidor de um crucificado era considerado uma escolha contrária ao bom senso. Por isso os cristãos, para expressarem a sua fé, começaram por escolher outros símbolos, que não o da cruz: o do peixe, o da âncora, o do pastor. 

Com a sua morte, Jesus deu à cruz um novo significado: o da doação da própria vida, por amor. A cruz passou a ser sinal do amor de Deus para connosco, que nos deu o próprio Filho para morrer por nós. Passou a ser instrumento de salvação. Mas só a partir do século IV passou a ser o símbolo cristão por excelência.

 

 

5. A celebração da Festa da Exaltação da Santa Cruz pode sugerir um conjunto de reflexões: 

*Fazermos bem o sinal da cruz e refletirmos sobre o seu significado. 

*Sabermos transportar, com amor, a nossa cruz, que é o cumprimento dos próprios deveres e aceitar a vontade de Deus. 

O seu peso, às vezes, é agravado com a doença, o cansaço, a solidão, os problemas familiares, o descaminho dos filhos...

Se, em vez de a arrastarmos, a abraçarmos, torna-se mais leve, dizia o Venerável Bernardo de Vasconcelos. 

*Há três formas de levar a cruz: revoltar-se; aceitar porque tem que ser;  unindo-a à cruz de Cristo: revolta, aceitação, sublimação.

*Não basta andar com a cruz ao peito; isso não custa nada. Muitas vezes até é motivo de vaidade e de ostentação. Não deve ser usada como mais um objeto de adorno ou como um amuleto. 

Trazer a cruz ao peito ou na lapela do casaco deve significar o propósito de seguirmos em tudo o exemplo do Crucificado.

*Não sermos uma cruz para os outros mas um Cireneu dos outros. Nada de complicar o que pode se fácil. Nada de impor manias ou devoções pessoais.

Silva Araújo

Silva Araújo

11 setembro 2025