Todos ficámos certamente muito contundidos com o acidente ocorrido em Lisboa nesta semana, de que resultou a morte de mais de quinze pessoas, além de bastantes feridos – uns mais graves, outros mais ligeiros – que tiveram de recorrer a tratamento hospitalar e, em alguns casos, ficar internados para superar as deficiências do seu estado de saúde.
Fomos informados de que as inspeções periódicas e obrigatórias ao estado de “saúde” dos elevadores tinham sido rigorosamente cumpridas, pelo que não era nada de supor que o que aconteceu pudesse tornar-se numa amarga realidade. Tudo foi, portanto, rigorosamente cuidado. Mas a desgraça não perdoou.
Este acontecimento lembra-nos uma realidade que não podemos superar. O ser humano não é totalmente perfeito em tudo o que pode originar. As suas limitações são naturais, pelo que nada consegue realizar que não manifeste, de algum modo, a precariedade do que produz.
Com isto certamente não queremos dizer que não vale a pena que ele ponha, da sua parte, todo o esforço para que o que faz seja o mais perfeito possível, nomeadamente quando está em jogo, como no caso deste elevador, a vida dos seus semelhantes.
Não esqueçamos, no entanto, que a nossa existência, aqui na terra, é passageira. A própria evolução de cada indivíduo demonstra que, à medida que os anos passam, a robustez vai-se esmorecendo, pelo que as suas possibilidades físicas e até intelectuais, não são as mesmas quando se tem vinte e cinco anos ou oitenta e cinco. Decerto que a experiência adquirida com a passagem do tempo dá a cada ser humano imensas possibilidades para enfrentar a sua vida, tornando-o um ser conhecedor de muitas realidades que o tornam mais senhor de si e do ambiente que o circunda.
Se isto é uma verdade evidente, também é preciso ter em conta que a passagem do tempo não dá apenas um maior número de capacidades para o ser humano se desenvolver cada vez mais em todos os sentidos. Pensemos no que sucede com os jogadores de futebol. As suas aptidões, com os anos, vão-se minorando. Por isso admiramos, duma forma especial, a capacidade de um nosso compatriota chamado Cristiano Ronaldo, que com os seus quarenta anos continua a ser uma presença muito produtiva na seleção nacional.
Insistimos: a nossa existência é limitada. O que fazemos não é absolutamente perfeito. Decerto que o sentido de responsabilidade leva-nos e obriga-nos moralmente a fazer o que nos é devido com todo o esforço para que a obra resulte o melhor que possamos, mormente se o que fazemos joga com o bem estar ou a própria vida dos nossos semelhantes, como é o caso das revisões devidas à “sáude operacional” dum elevador.
Mas não esquecer: o que somos capazes de realizar tem sempre a marca de quem não é, como Deus, omnipotente e, enquanto tal, sumamente perfeito. Nunca atingiremos esse grau . Haverá sempre limitações. A nossa própria vida terrena nos indica que não estamos aqui eternamente. No entanto, tanto quanto nos é possível, insistimos, deveremos esforçar-nos por acabar o que temos obrigação de fazer com a maior perfeição de que somos capazes.