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Aqui Vivo, Aqui Voto

 

 

Há dias fui surpreendido com um pequeno panfleto colado em locais estratégicos do centro da cidade de Braga intitulado “Aqui vivo, Aqui voto”. Com oito informações úteis, termina com o apelo: Divulga. Partilha. Vota”. Fotografei o dito cujo para analisar o seu conteúdo com mais cuidado, mas a primeira impressão que retive foi a de que se tratava de informação útil dirigida de uma forma clara, concisa e direta, em bom português e com referências legítimas à lei em vigor, desde logo, o facto de muitos dos imigrantes que se encontram entre nós poderem votar nas próximas eleições autárquicas, mas têm de apressar-se, pois o prazo para se inscreverem, termina no próximo dia 12. Dados confirmados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e   Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), pelo que pode ler sem a preocupação de estar a ser contaminado por falsa informação. Fica-se a saber que os cidadãos da UE (e do Reino Unido, com residência em Portugal antes do Brexit), Argentina, Chile Colômbia, Islândia, Noruega, Nova Zelândia, Peru, Reino Unido, Uruguai e Venezuela com residência legal em Portugal há mais de 3 anos, podem votar nestas eleições. Acrescenta o texto que também os brasileiros e os cabo-verdianos com residência legal há mais de dois anos podem exercer o seu dever. Pelos vistos, o recenseamento faz-se na Junta de Freguesia com o título de identificação e a autorização de residência. Este tipo de campanhas devia ser acarinhado e incrementado. Infelizmente, não é isso que se está a ver. De acordo com os últimos dados do ministério da Administração Interna, a grande maioria dos cidadãos estrangeiros residentes em Portugal não está inscrito para votar nestas eleições. Estamos a falar de pouco mais de 35 mil para um universo de milhão e meio de potenciais eleitorais. Outro ponto importante desta indiferença é a ausência das comunidades estrangeiras no debate e na participação política. Recordo-me que nas últimas eleições legislativas, apenas vi associados cidadãos brasileiros e ucranianos a dois partidos, o que é manifestamente pouco e diz bem desta incapacidade e falta de abertura para, por exemplo, no caso de Braga que tem uma comunidade brasileira, que atinge 10 por cento da sua população residente, não se perspetivar representantes das diferentes comunidades que aqui trabalham residem e vivem. Seria um sinal de maturidade política de quem o direito de acolher e de maturidade cívica de quem escolheu Braga para viver, com um sinal mais: acrescenta experiências de novas vivências, de outras escolhas, outros hábitos, outras marcas que podem ser úteis nesta constante reinvenção a que as cidades estão e devem estar sujeitas enquanto seres vivos que são. É importante, por isso, que este conceito de inclusão que tem funcionado em Braga ganhe esta dimensão política à esquerda e à direita. Combater a Indiferença ou até o desconhecimento dos direitos e deveres é uma obrigação de cada uma e de cada um. Se conhece alguém, naquelas condições partilhe esta informação e sensibilize. A melhor inclusão é aquela que protege e informa, não a que a mente e manipula. Não a que agride e desgraça. Essa vive do caos que espalha, do ódio que nem ela percebe, mas que sabe ser a única arma que tem para conseguir o poder através do voto.



 

Paulo Sousa

Paulo Sousa

10 agosto 2025