twitter

“Respeito e reconhecimento devidos”

 


 

 


 

... Darei aos meus mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos. Exercerei a minha arte com consciência e dignidade”. um breve extracto do pensamento (Juramento) de Hipócrates - filósofo grego e o “pai” de medicina - (460-377- séc. V a.C.)


 

1 - Pensava-se que o mundo iria conhecer tempos áureos de bem-estar e de progresso com os avanços no campo das tecnologias, das ciências, da comunicação e da informação. A pacificação, de uma Europa abalada e destruída nos seus alicerces sociais e físicos por duas guerras mortíferas e desumanas, veio criar um mundo novo de paz e de esperança. Um pouco mais tarde, em 1989, o derrube do Muro de Berlim libertaria os povos do Leste Europeu da tenaz e da tirania opressiva comunista. Uma suave ilusão assolara, finalmente, as mentes ingénuas e confiantes deste “mundo novo”, que se reconstruía das ruínas morais de um continente dilacerado. Neste ritmo pacificador, de abertura mental e de Liberdade, a desmilitarização impunha-se e verificava-se que os recursos financeiros daí provenientes decaiam para outras realidades. A paz se incorporara e se instalava em definitivo no viver das pessoas. A beligerância era um pesadelo do passado e nada fazia acreditar que o retrocesso algum dia iria acontecer.


 

2 - Entretanto, o século XXI entrara na história da pior maneira e de forma louca. Déspotas alucinados e tremendamente desaparafusados tomaram os comandos dos destinos de potências nucleares. Aí, está o perigo: mentes doentes com a mão no botão dos nucleares. O perigo eminente do recrudescimento da crueldade está presente. O mundo tornou-se numa fornalha infernal de ameaças atómicas, de destruição em massa, de medos e de insegurança. Parece nada se ajustar à luz da Paz e da inteligência a não ser entrar no jogo diabólico da corrida ao armamento para se enfrentar esses “monstros assassinos” desprovidos de sensibilidade, de alma e de humanismo. Destruir é a única “capacidade” desses loucos imporem o seu poder. 

Que fazer perante a ofensiva tresloucada da loucura que tomou as rédeas da violência, da destruição e da desumanidade dura e crua? Aplicar sanções e mais sanções aos loucos beligerantes? Pouco adianta, porque há sempre outros pequenos déspotas, oportunistas, que estão dispostos a furar estas medidas para retirar vantagens económicas e de toda a espécie. Voltar aos programas da corrida ao armamento e ao armamento cada vez mais sofisticado na “arte” de matar, acrescido com as previsíveis consequências destrutivas do desvio de recursos financeiros do “Estado Social”? Será esta via racional e justa? 


 

3 - Para onde se dirige o mundo? Para a sua auto-destruição? Para o aniquilamento cultural, social e físico dos povos? Violência gera violência. Loucura gera desumanidade. Espírito destruidor gera terror. E este pacote de maldades avança sem freio perante a incapacidade, a impotência e a pequenez das organizações dedicadas à Paz como a ONU. A ONU é uma organização fraca, de enfeite, porque nasceu sob o signo do veto dos poderosos. É cada vez mais irrelevante no contexto da resolução dos conflitos. Ninguém liga nada às suas decisões.


 

4 - Se o pensamento pedagógico e humanista de Hipócrates fosse levado em linha de conta - “darei aos meus mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos” - os líderes mundiais tinham recebido como ensinamento (pedagogia) e como herança (filosofia) o “respeito e o reconhecimento” dos seus povos e não se reconverteriam em tiranos. O mundo teria outro viver e outra luz, congruentes com homens inteligentes, dignos e possuídos pelo valor divino da Paz. 


 

Nota final - Causa espanto, a ideia e a realidade, verificar que os líderes mundiais do século XXI não tenham aprendido nada com os saberes do homem da cultura do século V a.C.. Causa espanto, sim! Por onde andam “a consciência e a dignidade dos líderes do século XXI”?

Armindo Oliveira

Armindo Oliveira

20 julho 2025