Foi com o habitual desfile militar à escala nacional que o país comemorou, no passado 10 de junho, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Desta vez, prestando uma merecida homenagem aos nossos ex-combatentes do Ultramar que se sacrificaram, a mando dos governantes de então, pela nossa Pátria. Pelo que abro aqui parênteses para um bem-haja à União de freguesias de S. Pedro de Merelim e Frossos que inaugurou, nessa altura, um monumento alusivo a esses bravos.
Quanto ao acostumado “corso”, nele foi exibido o corpo soldadesco dos três ramos das nossas Forças Armadas e algum armamento de que o país dispõe. Algo que vem sendo contestado pelas forças políticas avessas aos gastos na defesa. Contudo, fico com a ideia de haver, ainda, algum orgulho nas nossas tropas. É que se não o temos nós, vão tendo os de fora, porquanto o estrangeiro vai enaltecendo os seus méritos e qualidades.
Só é pena termos por cá quem desvalorize tal facto, recorrendo a discursos obtusos no dia do evento. E, como não podia deixar de ser, desta vez dois prólogos polémicos houve – quais pirómanos a incendiarem a Nação – a cheirar a gasolina. Como se a sociedade portuguesa carecesse de mais labaredas.
Ora, como que a provar não aceitar tomar em mãos o referido chicote de autoflagelação pelo nosso passado, segundo foi dito, horripilante, veio o Autarca limiano, Vasco Ferraz, a 13 de junho, último, apontar a alternativa a tais desígnios. Assim, tal como no poema “Cântico Negro”, de José Régio, veio dizer: “não, não vou por aí!”, Por esse arruado onde caminham os bota-abaixo da História de Portugal, ao decidir erigir uma majestosa estátua ao nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques. Colocada, nada mais nada menos, em plena zona nobre de Ponte de Lima. Uma obra d’arte que deveria servir de exemplo a outros Municípios. Inclusive ao de Braga que, ultimamente, não tem primado pelo bom gosto na estatuária.
Com efeito, trata-se de uma peça em bronze e base em granito – com 3 metros de altura e 3 toneladas de peso – da autoria de Cochon Rei, a partir de um projeto de Joana Silva, como noticiou o DM. Algo como reconhecimento àquele a quem devemos a independência do nosso território. Para além disso, tratou-se de celebrar os 900 anos da atribuição do foral – por ele entregue e por sua mãe, D. Tereza – àquela bonita vila minhota. Passando o local a chamar-se Praça da Rainha, em vez da República, o que não só significa a “nobreza d’alma limiana”, como uma corajosa bofetada de luva branca aos atuais detratores do reino camoniano.
Sobretudo, dada ao de leve, naqueles que andam sempre a enaltecer fraquezas, a espezinhar virtudes e sacrifícios dos nossos antepassados. Por isso, achei por bem vir enaltecer o gesto da Autarquia limiana que nos faz ter a esperança de podermos contar com gente que sabe ignorar tais idiotices. Dando, assim, um contributo ao engrandecimento dos nossos heróis do mar, à nação valente que sempre fomos e haveremos de continuar a ser, desde que não nos deixemos indrominar por alguns trogloditas emergentes.
Pergunto, de que vale virem os eruditos de caserna dizer que somos uma miscelânea de leonês, romano, africano, etc.? É que, por essa ordem de ideias, se recorrermos à Bíblia, somos todos descendentes de Adão e Eva. E o que vem isso acrescentar à felicidade deste nobre povo, à sua coesão e paz social, a não ser a tentativa de legitimar o antipatriotismo de tais iluminados?
Prefiro que me considerem antiquado, do que antipatriota ou traidor. Por isso, aprecio e louvo as gentes daquela vila do vale do lima que sempre souberam manter e dignificar o seu património, sobretudo o de cunho histórico. E que em vez de optarem por terem uma cidade medíocre, preferem a valiosa e pacata vila de estonteante beleza que têm. É por tal motivo, que a considero uma matriz da nossa identidade e passado. Ou será que para se ser moderno e atual se deve esquecê-lo e alinhar na pretensa catarse wokista atual?