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A Inteligência Artificial e a Saúde


 

A tecnologia que, há bem pouco tempo, parecia saída de um filme de ficção científica já faz parte do nosso quotidiano, especialmente na área da saúde. 
A inteligência artificial (IA) deixou de ser um conceito futurista para se tornar uma ferramenta real e transformadora. Já não falamos apenas de promessas: a IA está, de facto, a revolucionar a forma como se diagnostica, trata e gere doenças, aproximando-nos de um sistema de saúde desejavelmente mais eficiente, acessível e verdadeiramente personalizado. O que antes era visto como impraticável, como máquinas capazes de analisar radiografias melhor do que muitos olhos humanos, faz agora parte da rotina em muitos hospitais e centros de saúde. Sistemas digitais avaliam sintomas, orientam doentes logo ao primeiro sinal de alarme e encaminham-nos para o acompanhamento clínico mais adequado. 
No diagnóstico de inúmeras doenças, designadamente do foro oncológico ou do cardíaco, a IA consegue identificar padrões subtis que, muitas vezes, escapam até aos médicos mais experientes, antecipando diagnósticos e, em muitos casos, salvando vidas.
Mas a IA não se limita ao diagnóstico. No tratamento, permite personalizar terapias de acordo com as características únicas de cada paciente, monitorizando a resposta em tempo real e ajustando-se conforme necessário. O resultado é uma medicina mais eficaz, com menos efeitos secundários e uma abordagem verdadeiramente centrada na pessoa. Nos bastidores dos hospitais, a IA também está a transformar tarefas administrativas, desde o agendamento de consultas até à gestão de prontuários eletrónicos, libertando os profissionais de saúde para se concentrarem no que realmente importa: cuidar das pessoas. Num país onde o envelhecimento da população e a escassez de profissionais de saúde são desafios crescentes, esta eficiência faz toda a diferença.
A prevenção é outro campo onde a IA se destaca. Dispositivos vestíveis e aplicações de saúde acompanham os nossos sinais vitais e hábitos, alertando-nos para riscos e incentivando escolhas mais saudáveis. Para quem vive com doenças crónicas, esta monitorização à distância pode evitar internamentos e crises, dando mais tranquilidade ao dia a dia. 
No entanto, nem tudo são benefícios sem preocupações. A privacidade e a segurança dos nossos dados pessoais e clínicos são questões centrais, sobretudo num contexto tão sensível como a saúde. Os algoritmos, por vezes difíceis de entender, podem perpetuar enviesamentos e desigualdades se não forem devidamente supervisionados e regulados. É por isso que a regulamentação europeia e nacional está a evoluir, garantindo que a IA é usada de forma ética e segura. Mas não basta: é fundamental formar profissionais e sensibilizar os cidadãos para que todos possam confiar e beneficiar da tecnologia.
A IA tem, sem dúvida, o potencial de democratizar o acesso à saúde, aproximando cuidados de quem mais precisa, especialmente em zonas remotas ou com menos profissionais. A telemedicina e a monitorização remota são exemplos claros deste avanço. No entanto, há um risco real: se a tecnologia avançar mais rapidamente no setor privado do que no público, podemos acabar por aumentar o fosso entre quem tem e quem não tem acesso à saúde de ponta. Cabe assim a Estado garantir que tal não aconteça, acompanhando devida e atempadamente os desenvolvimentos neste âmbito. A inteligência artificial já transformou a saúde em Portugal e no mundo. O seu potencial é incomensurável: diagnósticos mais precoces, tratamentos personalizados, melhor gestão de recursos e mais prevenção. Mas para que esta revolução seja realmente positiva, é imperativo garantir segurança, ética e equidade no acesso. A tecnologia está pronta! Agora, cabe-nos a nós garantir que ninguém fica para trás nesta nova era da saúde inteligente.
 

Mário Peixoto

Mário Peixoto

12 julho 2025