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Check-up aos grandes: Prognóstico reservado!

Carlos Bilardo - que não foi exemplo de fair-play nem como jogador nem como técnico - dizia que, quando se sentia mal, visitava um hospital. Se mesmo assim não melhorasse, visitava um cemitério. Assim, no jogo das comparações, saía sempre fortalecido.

Vou entrar nesse jogo de comparações também: sinto que os três clubes que dominam a imprensa nacional carregam, cada um à sua maneira, problemas graves para resolver no início da época que se avizinha. Para me fortalecer, vou visitá-los.

O campeão nacional livrou-se do Mundial, mas com Gyökeres - como antes com Rúben Amorim - prova agora um veneno que em Braga bem conhecemos: jogadores (e até treinadores) a perderem condições psicológicas por causa do aceno de ordenados “pornográficos” de outras bandas. Para além disso, os adeptos verdes com quem troco ideias não parecem acreditar muito no treinador que lhes deu uma dobradinha. Se a época começar torta…

O segundo classificado, orgulhoso da sua passagem pelo Mundial de Clubes - e que, segundo a nossa imprensa, ainda por lá devia estar a caminho das meias-finais - regressou de (e para) férias com muito por resolver: liderança técnica contestada; jogadores que se acham a última bolacha do pacote; eleições em outubro com candidatos mais numerosos do que os da corrida a Belém; a urgência (financeira e desportiva) de garantir a fase de grupos da Champions. Se a época começar torta…

No FC Porto, as coisas também não andam bem. O presidente AVB - que como treinador deve ter ganho tanto em indemnizações como em ordenados - está a provar do mesmo veneno: uma época, dois treinadores… nenhum serviu. Vamos ver se acerta à terceira, embora, pelo que se foi vendo, a qualidade do plantel também não ajudasse. Se o Madureira é solto e a época começa torta…

E, por cá…

Depois de visitar estes hospitais e cemitérios, por cá - embora não tenha concordado com a dispensa do anterior treinador - tenho esperança que este (outro) Carlos nos leve ao sucesso. O seu passado mostra que ele e a sua equipa técnica estão habituados a trabalhar em grandes clubes e com grandes jogadores. Falta apenas - o que não é pouco - perceber como será a sua liderança e se os nossos grandes jogadores, que não são muitos, continuam por cá… e se lhes conseguimos juntar outros do mesmo nível.

Do que tenho acompanhado da pré-época, não tem havido lesões e o clube tem-se reforçado dentro do que entende serem as necessidades mais prementes. Mas, sinto que ainda nos falta um Banza.

Jorge Valdano diz que a credibilidade se conquista também através do conhecimento que se mostra e do que este produz. O ex-chefe de equipa do nosso atual treinador ganhou-a no futebol porque a sua matriz de jogo era (e é) reconhecida por todos. É isso que esperamos da nossa nova equipa técnica: a criação de uma verdadeira equipa que tenha sempre algo que a identifique - uma ideia de jogo - sem esquecer, como lembra Vítor Frade, que um desporto coletivo para ser bem jogado, traz necessariamente consigo o inesperado.

E, porque não, o inesperado surgir também devido à época dos outros começar… torta!


 

Carlos Mangas

Carlos Mangas

4 julho 2025