São diversos os pesos referidos na Sagrada Escritura e servem para medir metais preciosos (ouro e prata), produtos agrícolas, especiarias e outros bens de valor. Os mais usuais são o talento (kikkar), a mina (maneh), o siclo (shekel), a becá (bekah) e a guerá (gerah). São também diversas as moedas aí referidas. Se, no Antigo Testamento, elas se identificam com alguns dos pesos, no Novo apresentam-se com maior autonomia e variedade. De facto, por razões militares, políticas e comerciais, juntaram-se à moeda judaica a grega e a romana. Com o objetivo de proporcionar um melhor conhecimento dos pesos e das moedas da Sagrada Escritura, aqui os apresentamos sumariamente.
O talento é um peso de ouro ou prata que, apesar de variar de acordo com o período e a região (entre 30 e 45 quilos), se apresenta na Escritura com o valor aproximado de 36 quilos. Ao falar da menorah1, Ex 25, 39 determina: “empregar-se-á um talento de ouro puro na execução do candelabro”. E, em 2 Rs 5, 23, Naamã diz a Guiezi, servo de Eliseu: “É melhor que leves dois talentos”. No Novo Testamento, o talento (cfr. Mt 25, 14-30) remete para um valor simbólico e até adquiriu, na nossa linguagem, o sentido de qualidade(s).
A mina é uma subdivisão do talento e oscila entre as 500 e as 600 gramas (nalguns casos, atinge 1 kg). Ez 45, 12 afirma que “a mina será de vinte siclos, mais vinte e cinco siclos, e mais quinze siclos: a vossa mina será de sessenta siclos”. E 1 Rs 10, 17 constata que “o rei fez também trezentos escudos menores de ouro batido, com três minas de ouro em cada escudo”. Lc 19, 12-27 também refere as minas que, tal como os talentos, assumem um valor simbólico.
Simultaneamente peso e moeda, o siclo é a unidade comum para pesar ouro e prata e é também usada em impostos, transações e ofertas. Gn 23, 15-16 atesta que Abraão pagou aos hititas 400 siclos de prata por uma sepultura, a gruta de Macpelá. Posteriormente, o termo foi usado para designar a moeda corrente do povo de Israel.
A becá corresponde a metade de um siclo (cerca de 6 gramas). Ex 30, 13 ordena que “todos os recenseados apresentarão meio siclo, conforme o peso do santuário, que é de vinte guerás, cuja metade será a oferta reservada ao Senhor”. A ordem repete-se em 38, 26.
Com o peso de 0, 57 gramas e usada para medir o siclo, de que constituía a vigésima parte, a guerá era a unidade mínima de peso, no sistema hebraico. Sobre ela, afirma Lv 27, 25: “Todo o teu aval será segundo o siclo do santuário; o siclo será de vinte guerás”.
No jogo das correspondências, um talento equivale a sessenta minas, uma mina a cinquenta ou sessenta siclos, um siclo a duas becás e uma becá a dez guerás.
Pesos e moedas coincidem, em boa parte, no Antigo Testamento. No Novo, a variedade das moedas é maior. As que mais estão em uso são o siclo (moeda judaica), a dracma (moeda grega) e o denário (moeda romana).
Usado na famosa pergunta sobre o dever – ou não – de pagar o tributo a César (cfr. Mt 22, 19-21), o denário era a moeda romana de prata equivalente ao siclo, com cerca de 12 gramas. Correspondia ao salário diário de um trabalhador (cfr. Mt 20, 2).
A dracma (cfr. Lc 15, 8-10) era a moeda grega. Pesava 6 gramas de prata e o seu valor equivalia à becá ou à metade de um denário. A didracma (duas dracmas/12 gramas) e a tetradracma (quatro dracmas/24 gramas) apresentam-se como seus múltiplos. Grego era também o estáter (14 gramas), referido em Mt 17, 27, como a moeda usada para pagar o imposto anual do templo referente a duas pessoas, depois de cambiada para a moeda judaica (meio siclo).
Mencionadas na oferta da viúva pobre (Mc 12, 42; Lc 21, 2), as leptás eram moedas de bronze, de 1, 5 gramas. Duas constituíam um quadrante, moeda de cobre, de 3 gramas e, por isso, de pouco valor quantitativo2. De valor reduzido era também o asse, moeda romana de bronze, de apenas 10 gramas, usada para pequenas compras (cfr. Mt 10, 29: “não se vendem dois pássaros por um asse?”).
Por último, o Novo Testamento refere a “libra de perfume de nardo puro, de alto preço” (Jo 12, 3). A libra era uma moeda romana, com cerca de 330 gramas, o equivalente a trezentos denários e a meio litro de perfume, o salário de um ano de trabalho.
1 Assim se designa o candelabro hebraico de sete braços, símbolo maior de Israel.
2 O valor qualitativo é realçado por Jesus, quando afirma que “esta viúva deitou no tesouro mais do que todos os outros; porque todos deitaram do que lhes sobrava, mas ela, da sua penúria, deitou tudo quanto possuía, todo o seu sustento” (Mc 12, 43-44). Em Lc 21, 2, Jesus afirma rigorosamente o mesmo.
