twitter

Estão a matar o FUTEBOL…

Com o mundo em guerra permanente em diferentes locais, vemo-nos obrigados a procurar canais de desporto para fugir às imagens de destruição que nos entram em casa diariamente. Usando um termo percetível podemos afirmar que, com a guerra, canais generalistas estão a perder seguidores. Mas, nos canais desportivos, se é verdade que há disputas que nos prendem ao ecrã por tempo indeterminado devido à excelência dos praticantes e incerteza dos resultados (ténis, andebol, voleibol, basquetebol, futsal) também somos confrontados com jogos de uma modalidade cada vez mais maltratada pelos que tomam decisões que, manifestamente, num futuro próximo a levará a perder seguidores também - refiro-me ao futebol. 

Senão, vejamos, numa competição onde, supostamente, deveriam estar os trinta e dois melhores clubes do mundo, marcam presença: o Seattle Sounders, o Urawa, o Mamelodi, o Hulsan, o Wydad, o Pachuca e a temível equipa do Auckland City, composta por um conjunto de jogadores, profissionais de (outras) nobres profissões, como por exemplo: empilhadores, vendedores, agentes imobiliários, gestores, supervisores, professores e/ou condutor de uberes.

A exemplo do mundo que, politicamente falando, está entregue a gente que não inspira um mínimo de confiança, também o futebol parece resvalar para um precipício com decisões cada vez mais irracionais. Este labirinto decisório aliado aos inúmeros elementos que nele gravitam, condiciona e influencia negativamente, os praticantes, o jogo em si e aqueles que no fundo são a razão da sua existência e do seu crescimento exponencial – os adeptos.

Estes CEO, Consultores Especialistas em Opinar - sem conhecer - não percebem que estão a matar a galinhas dos ovos de ouro? Tomam decisões sem qualquer base estratégica sólida - como se vê, por exemplo, no aumento constante do número de jogos e de equipas nas fases finais das competições europeias e mundiais. O que os move não é o interesse pelo jogo, mas sim os €uros e petrodólares, na vã ilusão de que mais jogos significam sempre mais dinheiro. Aprendam com as inúmeras bancadas vazias neste “suposto” mundial de clubes e com as parcas audiências televisivas. 

Sendo o futebol a modalidade desportiva que move mais multidões em todo o mundo com um número estimado de mais de quatro mil milhões de seguidores, acreditam mesmo que: jogos desnivelados; jogadores cansados; vendedores, supervisores ou condutores de uberes, em férias, a exibirem-se num campo relvado, são os melhores argumentos para manter seguidores?

Quem manda no futebol, a exemplo de quem manda no mundo, parece estar a esquecer o essencial: as pessoas. Se o futebol continuar a ser gerido por lógicas de lucro imediato, arrisca transformar-se num produto descartável. Antes que seja tarde, é preciso parar, repensar e centrar o futebol naquilo que o fez crescer — a paixão, a competição e o respeito por todos os que o torna(ra)m possível. Tal como a água ou o desporto em excesso, o futebol, se mal doseado, também pode matar-se a si próprio. 


 

Ps. Ao que parece, mudar de canal já não chega porque…também estão a matar o futebol!


 


 

Carlos Mangas

Carlos Mangas

21 junho 2025