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Preparados para o choque do futuro, … hoje!?

Ao primeiro dia vieram os computadores, depois veio a internet, depois vieram os telemóveis e os smartphones, a computação em nuvem, as redes sociais e, por fim, a IA, tirando partido de todas estas inovações… e não houve dia de descanso!

Vivemos 50 anos inéditos em termos de evolução tecnológica. Hoje, já não podemos medir a evolução por anos, mas em meses – e, mesmo assim, não é fácil! Se fizermos um breve resumo dos últimos 30 meses, desde o lançamento do ChatGPT no final de 2022, confirmamos quão alucinante é a velocidade a que novos desenvolvimentos têm surgido. Em dois anos e meio, houve dezenas de lançamentos relevantes – mais de um por mês.

Nexte contexto, faz todo o sentido recordar Alvin Toffler que, no seu livro O Choque do Futuro, publicado em 1970 (imagine-se!), já alertava para os efeitos da evolução exponencial das mudanças tecnológicas e sociais, defendendo que estas ocorrem a uma velocidade superior à capacidade humana de adaptação. Chamava a isso “sobrecarga de mudança”, que gera desorientação, ansiedade e instabilidade – aquilo a que Toffler chamou choque do futuro. Segundo ele, “demasiada mudança em demasiado pouco tempo” podia tornar-se a doença do século XXI. Nunca esta visão me pareceu tão próxima da realidade como hoje.

Entretanto, a Google realizou o seu evento anual – o Google I/O 2025 – onde apresentou as novidades do ano, naturalmente bem temperadas com Inteligência Artificial. Este ano, as inovações com IA são particularmente relevantes. Teremos IA “embebida” em todas as aplicações e em grande parte do que fazemos diariamente. E de forma direta: poderemos conversar com o nosso assistente pessoal a qualquer momento, tornando-se algo tão comum como consultar as horas num relógio. Até óculos discretos nos facultarão informação em tempo real sobre o que vemos ou ouvimos: traduzem sons, apoiam apresentações com notas ou mostram detalhes de lojas à medida que passeamos.

Cinco áreas-chave merecem destaque, pelo impacto nas nossas vidas:

1. Assistência contextual permanente
Teremos assistentes proativos que percebem o contexto (imagem, som, texto), sugerem ações, resolvem problemas e antecipam necessidades – como reagendar compromissos com base no trânsito ou resumir reuniões automaticamente.

2. Trabalho transformado
A IA vai automatizar tarefas repetitivas, acelerar processos e aliviar a carga cognitiva. Equipas mais pequenas produzirão mais, com melhor qualidade e menos erros.

3. Aprendizagem personalizada
A formação será adaptada ao perfil de cada pessoa, com conteúdos ajustados em tempo real, potenciando a qualificação, sobretudo em áreas técnicas ou criativas.

4. Privacidade e segurança
O uso intensivo de dados impõe mais vigilância legal e ética. As empresas terão de reforçar cibersegurança, regulamentação e governação da IA. Conceitos como Social AI by Design e IA responsável ganham protagonismo.

5. Consumidor com mais poder
Na saúde, turismo ou comércio, a IA permitirá experiências ultra-personalizadas, rápidas e em linguagem natural. O cliente exigirá respostas imediatas e relevantes – quem não acompanhar ficará para trás.

Estas mudanças pedem preparação tecnológica e cultural, tanto das organizações e empresas como dos indivíduos. A capacidade de adaptação e visão estratégica serão determinantes.

Haverá sempre quem tenha mais dificuldade de acesso ou uso destas tecnologias, mas a aproximação acontecerá, com o apoio dos mais atualizados digitalmente – que, com os devidos cuidados, terão menos barreiras na adoção.

Como defendia Toffler, precisamos de desenvolver novas estratégias de adaptação: flexibilidade psicológica, capacidade de lidar com a incerteza e a complexidade, e alfabetização tecnológica – aqui bem refletidas.

Bem-vindos, uma vez mais, ao Admirável Mundo Novo — versão maio de 2025!

Guilherme Teixeira

Guilherme Teixeira

28 maio 2025