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Salvemos o PS de si mesmo

 

 

Salvemo-lo, se ele quiser, é evidente. Este querer assenta numa política de visão de Estado e não num qualquer radicalismo ou obsessão de esquerdismo. Já vimos o que isso dá, e o que se passou nas últimas eleições é o paradigma duma visão não esquerdista da sociedade portuguesa. Parece que assim o não entendem as forças radicais da esquerda, cavando a cada eleição o seu fim; no erro em que persistem, nada mais lhe restará do que sair do regime parlamentar. O mesmo pode vir a acontecer ao PS se quiser continuar a ser um partido socialista sem ser soarista; este foi o erro de Pedro Nuno Santos. O lugar do PS, além de histórico fundador da democracia portuguesa, não é apenas na história do seu passado, é na construção da história do presente se quer ter futuro. Olhem bem que a sociedade de hoje já não vai em ideologias passadistas: controlo operário, reforma agrária, salário igual para trabalho igual, etc. etc. Estamos numa sociedade constituída de utilizadores de tecnologias e não de indiferenciados. É preciso saber para quem se fala e do que se fala. A velha política está rota, estafada de tanto bater no mesmo; drapejar na glória do passado é marcar passo numa parada que desfila a velocidade louca. Por exemplo, o eleitor já nada tem a ver com arruadas espontâneas organizadas; quer viver numa social democracia, isto é, alguém que nos governe com os olhos no social sem desfigurar ou abocanhar a democracia. Lembram-se da coligação Mário Soares/Freitas do Amaral? Um socialista e um CDS, quando à altura ser CDS era ser hoje Chega. Alguém tem o desaforo de criticar Mário Soares? Não, e sabem porquê? Porque era preciso governar o país e Mário Soares soube pôr o interesse nacional acima do interesse do seu partido. A verdade é que Mário Soares era um estadista e não mero presidente de um partido. O PS do presente, se quer ser soarista, terá que fazer o mesmo que fez Mário Soares; só assim sairá do atoleiro onde está presentemente: deve mostrar ao povo eleitor que está no parlamento para servir Portugal e os portugueses e não para alimentar o ego de uma pessoa. O PS não está num pântano, está num charco de águas movediças. O PS tem que deixar de ser antipático, antipatriótico e antigo. Quando o eleitor perceber que o PS não é uma geringonça, com bússola a vibrar para o esquerdismo de Nuno Santos, então voltará a confiar nele. A renovação do PS faz-se com novas e modernas ideias sobre emprego, educação, segurança, isto é, sendo sempre social e respeitando a democracia representativa. Aliar-se noutra geringonça é dizer à juventude de hoje, vivemos da história que sabemos contar mas não temos passado para vós. Não caiam num amuo por terem perdido, mostrem que deixam governar vincando sempre que é por Portugal que o fazem. Tenham a noção de que estão numa fase de estratégia política. Não deixem que outro lhes tome o lugar. Ajudem, porque simultaneamente, estão a ajudar-se a si mesmos.

Paulo Fafe

Paulo Fafe

26 maio 2025