Quando a época do voleibol começou, ninguém apontaria o caminho que foi traçado pela equipa feminina do SC Braga. No entanto, o resultado alcançado (vice-campeão nacional) foi histórico, e o percurso… apaixonante. O orçamento foi reforçado, na verdade, apesar de estar muito abaixo de muitas outras equipas do campeonato. A alma da formação do clube também permaneceu na equipa e, portanto, a equipa de voleibol do SC Braga, ficou composta por atletas de referência nacional, também da região e nas atletas estrangeiras. Em comparação com outros planteis, quer no investimento, quer no número de estrangeiras, o SC Braga está abaixo, mas o trajeto que foi conquistando, pela forma eficiente e alma guerreira, catapultou-o para um lugar de destaque. Na verdade, com o objetivo virado para o 4º lugar, chegar à final do campeonato foi extraordinário.
Se analisarmos o histórico da modalidade e se avaliarmos os clubes que apostam no voleibol, tal como em outras modalidades, existe uma grande décalage entre os clubes do cimo da tabela e os outros, essencialmente pelos orçamentos mais elevados. Quer a Federação Portuguesa de Voleibol, quer os clubes, devem entender que, se forem dadas as devidas oportunidades, o voleibol feminino tem potencial de crescimento. Há muitas vezes a expressão que se deve investir no desporto feminino, mas, em contra corrente, o voleibol tem no género feminino um potencial incrível de desenvolvimento desportivo. Esta é a oportunidade para lançar mais jovens e apoiar os clubes formadores. É preciso dar atenção e condições às modalidades para que elas se possam dinamizar, ganhar grandeza e significado nacional e até internacional.
Quando o jogo da final terminou, havia algumas feições tristes, talvez frustradas, algumas lágrimas. Claro que se entende, a este nível estar tão perto e não ganhar o campeonato, é de lamentar, contudo, ficar em segundo lugar num campeonato tão competitivo, ter feito um percurso quase imaculado, ultrapassar outros clubes com as mesmas ambições, discutir os jogos intensamente, estar entre os melhores, são momentos extraordinariamente marcantes, para o clube, para a modalidade e para a região. Mas o que realmente me “encheu a alma”, foi a forma como a equipa jogou. Prestações com o coração inteiro, intensidade máxima e a alma brava que toda a equipa disponibilizou. Por tudo isto, não pode deixar de ser um percurso impressionante e histórico. Toda a comunidade braguista e bracarense ficou surpreendida, mas também ligada, a vibrar e a sentir-se orgulhosamente pertencente à tribo das “Guerreiras”. Encheu pavilhões (pena que não tivesse sido ao longo de toda a época) e vibrou em cada ponto! Chegar à final e disputar 5 jogos, 5 sets no jogo final e acabar nas vantagens, para se apurar o campeão… sim, por tudo isto, é, no mínimo, fantástico!